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Contas Públicas

Nova redução do IRS deverá ser gasolina no motor da economia portuguesa (mas o puzzle orçamental complica-se)

A redução permanente de €500 milhões em receita de IRS irá significar mais dinheiro na carteira dos contribuintes, com efeitos positivos no crescimento económico, mas será um desafio encaixar esta despesa no cada vez mais complicado quebra-cabeças orçamental

Matilde Fieschi

Tal como no final do ano passado, altura em que o “acerto” no IRS e o suplemento extraordinário de pensões deram uma margem financeira adicional aos portugueses que entrou rapidamente na economia, os anúncios do Governo sugerem que, este ano, deverá repetir o modelo que gerou elevado crescimento económico na reta final de 2024.

E, numa altura em que o Governo parece estar cada vez mais isolado na sua previsão de um crescimento do produto interno bruto (PIB) de 2,4% e de um excedente orçamental de 0,3% para 2025, com instituições como o Banco de Portugal e o Conselho das Finanças Públicas (CFP) a reverem em baixa as suas perspetivas, fomentar o consumo privado no final do ano ajudará, certamente, o Executivo a aproximar-se da meta.

O alívio fiscal de €500 milhões no imposto sobre os rendimentos que o Executivo deverá propor nas próximas duas semanas, e que terá de ser aprovado pelo Parlamento, será aplicado em setembro, com retroativos a janeiro, através de tabelas de retenção na fonte especiais para o efeito, concretizou o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento. Já um novo suplemento extraordinário aos reformados dependerá, disse o ministro na Assembleia da República, da execução orçamental nos próximos meses. Tal como em 2024.

A intenção do Governo é de reduzir em €2 mil milhões, até ao final da legislatura, em 2029, o IRS pago pelos contribuintes. O que falta saber ainda é como irá o gabinete de Miranda Sarmento acomodar já em 2025 esta redução permanente da receita - influindo, assim, no cálculo da despesa líquida, o indicador no centro das novas regras orçamentais europeias - que não estava prevista no Orçamento do Estado (OE) para este ano, nem nos relatórios enviados a Bruxelas relativos ao estado das finanças públicas.