Portugal vai ser uma das três economias do euro a registar excedentes nas contas públicas até 2030, segundo as previsões do Fiscal Monitor, o documento sobre política orçamental do Fundo Monetário Internacional (FMI), que foi apresentado esta quarta-feira em Washington DC pelo ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar. Os companheiros no muito restrito clube dos excedentes orçamentais na zona euro são Chipre e Irlanda.
As previsões do Fiscal Monitor, mais otimistas que as do Conselho de Finanças Públicas e do Banco de Portugal, apontam para uma redução do excedente orçamental de 0,7% do PIB em 2024 para 0,5% em 2025, estabilizando, depois, num muito ligeiro surplus de 0,1% até 2030. A equipa de Vítor Gaspar no FMI está mais otimista do que a meta de 0,3% do PIB colocada pelo ministro das Finanças Miranda Sarmento no Orçamento do Estado para 2025. E posiciona-se muito distante da trajetória pessimista avançada recentemente pelo Conselho de Finanças Públicas que aponta para contas equilibradas em 2025 (saldo de zero), logo seguida de uma trajetória de défices até 2029.
Vítor Gaspar foi ministro das Finanças entre 2011 e 2013, durante a primeira fase da gestão da troika e ocupa, desde 2014, o cargo de Diretor do Departamento de Finanças Públicas do FMI, sendo responsável pelo Fiscal Monitor. Gaspar já anunciou que deixará o cargo em novembro próximo, pelo que tem pela frente mais um Fiscal Monitor a apresentar em outubro, aquando da Assembleia Geral da organização.