Contas Públicas

Estado fecha 2023 com excedente orçamental de €4,33 mil milhões

Governo reitera que a subida da receita (12,1%) se deve à “resiliência do mercado de trabalho" tanto em volume de emprego como no crescimento das remunerações, traduzidos em mais 13,6% de IRS e mais 10,7% de contribuições sociais. Dívida pública de 2023 vai ser conhecida esta quinta-feira

O ministro das Finanças fotografado no átrio do Ministério das Finanças, no Terreiro do Paço

As Administrações Públicas registaram um excedente orçamental de 4.330 milhões de euros, em 2023, em contabilidade pública, acaba de divulgar, esta quarta-feira, dia 31, o Ministério das Finanças em comunicado.

O valor apurado para o fecho do ano passado diminuiu em relação ao saldo positivo que havia sido registado em novembro (menos 2.057 milhões de euros), “mas manteve-se em terreno positivo ao contrário do que aconteceu em 2022”, faz notar o Governo, quando as mesmas Administrações Públicas registaram um défice de 3.437 milhões de euros.

Face a 2022, este desempenho traduz uma melhoria da receita efetiva em 12,1%, justificada pelo Executivo com a repetida “resiliência do mercado de trabalho tanto em volume de emprego como no crescimento das remunerações (mais 13,6% de IRS e mais 10,7% de contribuições sociais)”. Do lado da despesa observou-se, igualmente, um aumento de 9%, ajustado das medidas extraordinárias (aqui entram a redução do volume de medidas relacionadas com a Covid-19 e o montante “significativo” de medidas para mitigação do impacto do choque geopolítico).

Segundo o Ministério das Finanças, as medidas de resposta à crise ascenderam a 2.835 milhões de euros, das quais 1.209 milhões de euros tiveram impacto no lado da despesa, “destacando-se o apoio extraordinário às famílias mais vulneráveis, incluindo o apoio para crianças e jovens, e o apoio a setores de produção agrícola”. O peso destas medidas na receita somou 1.627 milhões de euros, “com destaque para as de redução de tributação sobre combustíveis e alimentos [IVA zero]”.

Receita fiscal cresce quase 12%

É ainda avançado que, em 2023, a receita fiscal aumentou 11,8% (para 65.729 milhões de euros), fruto do crescimento do encaixe com impostos diretos (mais 14,4%). Também a receita contributiva “continua a espelhar a dinâmica observada no mercado de trabalho, aumentando 10,7% face ao ano anterior”.

Excluindo medidas extraordinárias (medidas Covid-19 e de mitigação de choque geopolítico), a despesa efetiva cresceu 9%, enquanto a despesa primária (excluindo juros) aumentou 9,4% em termos homólogos.

A nota do Ministério das Finanças refere ainda que o acréscimo na despesa em 2023 face a 2022 foi impulsionado pelos salários, aquisição de bens e serviços, investimento e prestações sociais.

Assim, as despesas com pessoal aumentaram 7,5%, “refletindo as atualizações transversais remuneratórias dos trabalhadores das Administrações Públicas, o impacto do aumento da remuneração mínima mensal garantida e o aumento do subsídio de refeição”. “Neste âmbito, destaca-se o contributo dos salários do SNS (8,3%) e da PSP e GNR (8,4%)”, é detalhado.

Por sua vez, a despesa com aquisição de bens e serviços aumentou 6,3 (excluindo o efeito das medidas Covid-19, esta despesa cresceu 11%), enquanto a despesa com investimento na Administração Central e Segurança Social, excluindo parcerias público-privadas, subiu 12,9% e despesa com prestações sociais (que não pensões) cresceu 9,5% (excluindo medidas Covid e medidas extraordinárias de apoio às famílias e prestações de desemprego) – o que reflete, “em grande medida, a atualização do Indexante dos Apoios Sociais e as valorizações remuneratórias”.

O Banco de Portugal divulga esta quinta-feira os dados da dívida pública em 2023, com os economistas a admitirem que fique abaixo da previsão do Governo. O crescimento económico no último trimestre do ano, acima do esperado, dá um empurrão para que fique em torno ou até abaixo dos 100% do PIB.