Exclusivo

Contas Públicas

Medina pode bater Centeno no superavit orçamental? Pode, mas seria um embaraço (e não um troféu)

Dados apontam para um excedente orçamental este ano com um valor inédito, bem acima dos 0,1% do PIB alcançados por Mário Centeno em 2019. Economistas acreditam que Governo vai adotar medidas para reduzir esse saldo, já que um excedente elevado seria politicamente complicado, dados os problemas do país

“Embaraçoso”, e “não é politicamente viável” dados os problemas do país. Estas foram expressões que o Expresso ouviu junto dos economistas perante a possibilidade de o Governo alcançar este ano um excedente orçamental expressivo, bem acima dos 0,1% de Mário Centeno em 2019, quando era ministro das Finanças de António Costa, e que constituiu o primeiro - e único até agora - saldo positivo das contas públicas na história da democracia portuguesa.

Para já, os dados disponíveis apontam para um superavit histórico - o Conselho das Finanças Públicas estima um excedente de 0,9% do PIB este ano e há quem aponte para valores ainda mais altos -, mas os economistas ouvidos pelo Expresso acreditam que o Executivo adotará medidas para reduzir esse saldo e evitar um desvio favorável elevado face à previsão das Finanças, que era um défice de 0,4% do PIB. Isto porque um grande brilharete orçamental seria politicamente complicado dados os problemas do país (nomeadamente ao nível dos serviços públicos, com destaque para a educação e a saúde) e as dificuldades das famílias, em particular com os custos da habitação.

Economistas apontam importância de reduzir a dívida pública, que ainda está acima dos 100% do PIB, mas defendem o uso da margem orçamental para dinamizar a economia e apoiar famílias e empresas. Há críticas à lógica “de bom aluno na Europa”, privilegiando excessivamente a redução da dívida, mas também quem recomende “prudência” orçamental.