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Contas Públicas

A meta política de Medina: tirar Portugal do clube dos periféricos

O ministro das Finanças quer chegar ao fim da legislatura com as contas equilibradas e com a dívida abaixo de 100% do PIB, em níveis muito inferiores aos de Bélgica, França e Espanha. Já conseguiu alcançar o spread da dívida mais baixo no grupo atual de 11 países periféricos da zona euro e pode esperar daqui a um ano estar fora desse clube. Por isso, diz que o país “não tem folgas orçamentais”
O ministro das Finanças, Fernando Medina
nuno fox

Portugal “não tem folgas orçamentais”, escreveu, na semana passada, no Expresso Fernando Medina, que quer “um compromisso para as Finanças Públicas”, colocando no centro da política a redução do défice e da dívida para níveis que retirem Portugal da zona vermelha de risco. No Programa de Estabilidade 2023-2027 (PE23-27), o ministro das Finanças colocou como metas chegar ao equilíbrio orçamental em 2026 e colocar a dívida pública abaixo dos 100% do PIB no ano anterior. Diz que “vivemos uma oportunidade única em três décadas”.

Mesmo muito antes de esta legislatura chegar ao fim, Medina deverá conseguir um objetivo político: tirar Portugal do clube dos países periféricos do euro, limpar, de vez, o anátema insultuoso de ser um dos ‘PIIGS’ (acrónimo em inglês para Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) históricos da crise das dívidas na zona euro iniciada em 2010 com a Grécia. Segundo as projeções do algoritmo do portal financeiro World Government Bonds (WGB) para junho do próximo ano, o juro da dívida portuguesa a 10 anos deverá situar-se, então, em 3,97%, não muito longe do que se prevê para os Países Baixos (3,89%) e apenas a 52 pontos-base, pouco mais de meio ponto percentual, do custo da dívida alemã (então em 3,45%) que serve de referência na zona euro.

Se o algoritmo acertar, o juro português será inferior aos previstos para a Áustria, Bélgica, Finlândia e França, quatro economias consideradas do ‘centro’, e situar-se-á muito abaixo das projeções para mais oito países periféricos, incluindo a vizinha Espanha.