A Bosch vai investir 100 milhões de euros em Portugal até ao final do ano para aumentar a produção e reforçar a aposta em projetos de Investigação e Desenvolvimento (I&D), anunciou a multinacional alemã esta terça-feira.
“Falamos de um investimento continuado para consolidar os nossos negócios no país, seja através dos projetos de inovação que desenvolvemos na sua grande maioria em parceria com as universidades do Minho, do Porto e de Aveiro, seja na expansão das nossas unidades. É este trabalho e os resultados que temos vindo a apresentar que nos permite continuar a atrair negócios, e consequentemente a manter e a gerar postos de trabalho”, explica Carlos Ribas, representante do grupo alemão em Portugal.
Em Ovar, a empresa quer inaugurar novas instalações que vão albergar as equipas de I&D e permitir a contratação de 50 trabalhadores até ao fim de 2022. Em Aveiro, vai construir um edifício para logística e áreas comuns para os trabalhadores. Em Braga, projeta dois novos edifícios para aumentar a capacidade de I&D, produtiva e tecnológica.
Recrutamento "é contínuo"
Os novos projetos vão traduzir-se em mais postos de trabalho. Depois de anunciar, em abril, 250 contratações de “perfis especializados nas áreas das tecnologias de informação e da engenharia de software” até ao fim do ano, o grupo avança, agora, que só em Aveiro, a nova linha de produção de bombas de calor vai criar mais 300 empregos no primeiro semestre de 2023”. E o recrutamento para o centro de engenharia, onde a Bosch desenvolve soluções de termotecnologia e software para plataformas web e mobile das diferentes áreas de negócio do grupo à escala global “é contínuo”.
“Vamos continuar a contratar perfis especializados e a expandir as nossas áreas de produção e escritórios, continuando a fazer da I&D um ponto fulcral da nossa atividade”
Javier González Pareja
Presidente da Bosch em Portugal e Espanha
“A Bosch tem mostrado uma excelente performance no país. O Grupo acredita em Portugal no talento dos portugueses, o que nos traz segurança e confiança para o futuro, mesmo numa conjuntura difícil como a atual. Vamos continuar a contratar perfis especializados e a expandir as nossas áreas de produção e escritórios, continuando a fazer da I&D um ponto fulcral da nossa atividade”, garantiu Javier González Pareja, presidente da multinacional em Portugal e Espanha, esta terça-feira, na apresentação de contas da Bosch Portugal.
No ano fiscal de 2021, a Bosch registou um volume de negócios de 1,7 mil milhões de euros em Portugal, o que representa um crescimento de 5% face ao exercício anterior. As exportações para mais de 50 países respondem por 97% deste valor, enquanto as vendas no mercado nacional totalizaram 346 milhões de euros (+14%).
Anos recorde em Aveiro e Ovar
A análise dos resultados por área de atividade mostra que o segmento de soluções de mobilidade, “fortemente afetado nos últimos anos devido às paragens causadas pela pandemia e escassez de componentes eletrónicos, caiu 5%”, mas poderá beneficiar este ano do início da produção de um novo radar. Já nos negócios de energia e tecnologia de edifícios, as unidades de Ovar e Aveiro registaram os melhores anos de sempre, com crescimentos de 15% e 26%, respetivamente.
Em Ovar, onde o trabalho está focado nas tecnologias de videovigilância, intrusão e comunicação, mas também há desenvolvimento de soluções para eBike e casas inteligentes, o número de trabalhadores cresceu 15%. Em Aveiro, na unidade dedicada à produção de soluções de água quente através de esquentadores, caldeiras e bombas de calor, foi criada a primeira gama de soluções elétricas para o aquecimento de águas residenciais totalmente desenvolvida em Portugal, a par do investimento de 5 milhões de euros em instalações de teste e numa nova linha de produção.
Em Lisboa, a unidade Service Solutions, dedicada à prestação de serviços nas áreas de experiência, mobilidade, motorização e processos de negócio, cresceu 15% e ultrapassou já os valores do período anterior à pandemia. Na área de bens de consumo, que engloba eletrodomésticos e ferramentas elétricas, o salto foi de 16%.
No balanço do último exercício, o grupo destaca também o investimento de 50 milhões de euros em I&D, a assinatura de novas parcerias com universidades nacionais e o facto de terem sido submetidas a registo 50 patentes relativas a projetos de inovação em Portugal.
Dos 5.788 trabalhadores da multinacional do país em dezembro último, 900 eram engenheiros integrados nas equipas de I&D para criar soluções de mobilidade, casas e cidades inteligentes.
Cautela nas previsões
Quanto a 2022, considerando a evolução dos quatro primeiros meses do ano, os responsáveis do grupo esperam “uma evolução positiva”, com crescimento nas áreas de I&D e serviços partilhados, expansão das instalações e das parcerias de inovação com centros de conhecimento e competência. No entanto, depois das incertezas causadas pela pandemia, dos constrangimentos impostos pela escassez de semicondutores e de um 2021 “difícil e exigente”, admitem que “a conjuntura internacional faz com que seja necessário ser cauteloso nas previsões”.
Javier Gonzalez Pareja não tem dúvidas do peso crescente de Portugal numa multinacional que fechou 2021 com vendas de 78,7 mil milhões de euros (+10%), cresceu 5,2% no primeiro trimestre, espera acelerar até aos 6% no atual exercício, tem 402.614 trabalhadores, quer contratar mais 10 mil engenheiros este ano e planeia investir 10 mil milhões de euros de euros na transformação digital dos seus negócios até 2025: “Dentro do grupo a nível mundial, Portugal é cada vez mais uma referência, com uma clara fórmula de sucesso: Invented in Portugal and Made in Portugal with Portuguese Talents”, diz para destacar a ideia de que mais do que produzir no país, a empresa desenvolve novos produtos em Braga, Aveiro e Ovar, com talentos portugueses.