A Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem cinco milhões de euros em créditos a cidadãos russos e ucranianos, mas não acredita em perdas materiais por conta dessa exposição. “A exposição direta da Caixa à Rússia é aproximadamente de quatro milhões de euros e à Ucrânia de um milhão de euros”, segundo uma nota deixada no relatório e contas de 2021 publicado pela CGD esta semana no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Desta exposição, há uma parcela de crédito à habitação, que está garantido por ativos em Portugal: “Estes valores dizem respeito, na sua maioria, a crédito hipotecário concedido pela Caixa a cidadãos russos e ucranianos a residir em Portugal e cujo colateral se situa igualmente em Portugal”.
Há outra parte de crédito a empresas não financeiras: “refere-se a uma transação de factoring numa exportação de um cliente português e encontra-se parcialmente coberta por seguro”. O valor da CGD é muito inferior ao assumido pelo concorrente Novo Banco, onde ascende a 48 milhões de euros.
Menos atividade comercial e mais ciberproblemas
Além desta exposição direta, o banco liderado por Paulo Macedo também inscreve no seu relatório e conta as potenciais consequências indiretas do conflito armado iniciado pela invasão da Ucrânia pela Rússia. Uma delas é problemas de cibersegurança.
“O aumento da escalada do conflito poderá ter consequências indiretas para os clientes do banco por via, por exemplo, do aumento do preço da energia, da redução da atividade comercial devido ao impacto das sanções no comércio com a Rússia e do aumento das questões relacionadas com a cibersegurança como o resultado de um aumento de atividades criminais”, antevê o documento.
“Não se prevê quaisquer implicações negativas materiais face ao seu valor residual e respetivas características”, concretiza a entidade bancária, que não vê impacto significativo do facto de os bancos russos terem sido excluídos do sistema de transações internacional SWIFT, nem mesmo ao nível de banca de correspondentes (com quem faz operações), já que as transferências que por essa via envolvem a Rússia têm “uma natureza ocasional”.
Sem exposição ao rublo e com exposição limitada à energia
Sobre as limitações impostas pela União Europeia, com sanções e embargos, o banco público não regista grandes preocupações, tendo em conta os limites que já tem inscritos nos seus procedimentos. Não haverá, também problemas nos créditos concedidos a empresas de energia, porque a exposição é reduzida.
“A Caixa não negocia diretamente em commodities nem em ações onde possa estar diretamente exposta à volatilidade dos preços de commodities ou empresas de petróleo e gás. A exposição de títulos de empresas de petróleo e gás é muito baixa, limitada a obrigações com classificação de investimento (investment grade) e maturidades de curto prazo de empresas europeias robustas, pelo que não é esperado um impacto material no seu perfil de crédito", justifica o banco.
"A Caixa não negocia o rublo russo e não detém qualquer posição nesta moeda", conclui ainda o relatório e contas neste assunto.