Economia

Termina programa interno da Amazon que pagava a funcionários para dizerem bem da empresa nas redes sociais

“Não, isso não é verdade. Eu trabalhei num centro de distribuição da Amazon por mais de quatro anos e nunca vi ninguém a urinar para uma garrafa”. Publicações como esta estão a desaparecer das redes, com a retalhista digital a querer esquecer este falhanço de relações públicas

Foto: Amazon

“Não, isso não é verdade. Eu trabalhei num centro de distribuição da Amazon por mais de quatro anos e nunca vi ninguém a urinar para uma garrafa”. O programa interno da empresa fundada por Jeff Bezos que arregimentava funcionários da empresa para torná-los “embaixadores”, pagando-lhes para partilhar notas positivas nas redes sociais, termina discretamente com a gigante do comércio eletrónico a apagar todo o rasto digital que possa, um dia, provar a sua existência, segundo o “Financial Times” desta quarta-feira.

Tuítes como o que nega o facto de haver trabalhadores de distribuição da Amazon, com um número massivo de entregas a fazer em turnos de 10 horas, a urinar em garrafas começaram a brotar nas redes a partir de 2018, ano do início do programa, cuja extensão é desconhecida ao dia de hoje.

Os funcionários-embaixadores tinham formação para responder a alegações que denegrissem a empresa – como a grande pressão para o cumprimento de rácios internos, a falta de tempo para idas à casa-de-banho, entre outros – em publicações de sindicalistas e de políticos contestatários (mas nunca jornalistas) de forma “assertiva” mas “educada”, especifica o jornal britânico, que cita um relatório interno da Amazon obtido pelo jornal digital The Intercept.

As publicações, por terem um tom pouco natural e propagandístico (“Sinto-me orgulhoso de trabalhar para a Amazon – trataram-me muito bem. Muito melhor do que alguns dos meus anteriores empregadores”), provocaram o nascimento de paródias nas redes. Executivos da Amazon decidiram pelo fim do programa, encerrando-o no final de 2021, descontentes com o pouco impacto obtido e com o facto de suspeitarem que as contas satíricas provinham dos próprios trabalhadores da retalhista. As mensagens publicadas durante essa altura pelos trabalhadores-embaixadores foram eliminadas.

A Amazon, avaliada em 1,3 biliões de euros, encontra-se com dificuldades para recrutar trabalhadores e lida com pressões regulatórias em todo o mundo, desafios que estão a pôr em causa os planos de crescimento da empresa.