Frases oproferidas por Miguel Gomes durante a conferência de imprensa coletiva presente no Festival de Cinema de Berlim:
"Ao fazer o filme, tive vontade de dialogar com a memória do cinema clássico, com o cinema mudo."
"O filme começa com um tipo de explorador como Livingstone, mas português, no século XIX, que é comido por um crocodilo."
"A ideia era começar o filme com uma espécie de imaginário romântico quase extremo. Há um texto que acompanha essa história, que está escrito de uma forma quase barroca. Esse romantismo, logo no início, é quase caricatural."
"Começou com uma história que me foi contada por alguém de minha família sobre queixas de uma empregada de seu prédio. Interessei-me por personagens mais velhas que não se veem mais no cinema, não tem um lado romanesco muito acentuado, no qual se trabalha o lado quotidiano, não há gestos romanescos e nem grandiloquentes no filme, mas não sei como acabei em África."
"Uma parte do filme tem a ver com a velhice, uma parte tem a ver com a juventude, outra parte tem a ver com a solidão. Uma parte tem a ver com a possibilidade do amor e de existir um casal."
"Sem precisar demonstrar que o colonialismo é uma coisa má. Existe memória disso, existe muita gente que regressou e viveu nas antigas colonias."
"Para preparar este filme eu conheci algumas pessoas que tinham uma banda em Moçambique e que me falaram da forma como estavam efetivamente ligados àquela terra. E diziam coisas com as quais eu politicamente estava completamente afastado e não tenho qualquer tipo de cumplicidade com isso."
"Mas ao mesmo tempo havia uma verdade emocional, na forma como eles descreviam o tempo que tinham passado em Moçambique e as coisas que tinham feito. E eu percebi que esse lado afetivo que, independentemente do sítio onde viviam e do regime político, estava muito ligado com a juventude."