ARQUIVO Relançar o México

Hotéis de Cancun querem inverter quebras históricas

Em Abril e Maio a ocupação hoteleira nesta zona da costa mexicana bateu no fundo devido à epidemia da gripe. Dos 41 hotéis que encerraram no mês passado, 26 já reiniciaram as operações.

Os apelos nas placas dos hotéis de Cancun parecem bizarros: "Por favor, não ocupe as cadeiras sem uso com toalhas em cortesia com os outros hóspedes". Dimensionados para acolher milhares de turistas, é quase fantasmagórico ver agora fileiras intermináveis de cadeiras vazias junto à praia. Em Maio, 41 hotéis desta zona da Riviera Maya fecharam as portas, na sequência das quebras sofridas com a declaração da epidemia de gripe no México, mas 26 já voltaram a abrir desde o início de Junho.

"O que se vê é o reflexo e a influência negativa e do impacto do vírus na nossa operação", salienta Jorge Asencio Betancourt, delegado no México da Soltour, operador do grupo Piñero que detém três hotéis na Riviera Maya com um total de 2.600 quartos. O Bahia Príncipe de Tulum, com 1.200 quartos, esteve encerrado em Maio e reabriu agora, numa cerimónia onde participou Sara Chavez, secretária de Turismo daquele estado mexicano (na foto). "A ocupação habitual deste hotel era de 90% por ano", faz notar Jorge Betancourt. Encerrado, mantém-se outro hotel em Cancun do grupo Piñero, o Gran Bahia Cobas. 

Em Abril, a ocupação dos hotéis de Cancun não foi além dos 14,8%, segundo dados da Secretaria de Turismo, que também avançou que a epidemia podia traduzir-se em prejuízos da ordem dos 14 mil milhões de dólares em receitas turísticas - e ainda na perda de 150 mil a 250 mil postos de trabalho. "Abril marcou um precedente nos hotéis da região, que estavam a crescer 9% no primeiro trimestre de 2009. E Maio será para esquecer", salienta Sara Latife Ruiz Chavez, secretária de Turismo do estado de Quintanarroo, onde se localiza Cancun.

Segundo a responsável de turismo deste estado do México, a gripe e as respectivas contingências sanitárias trouxeram "um travo amargo aos mexicanos" e mais uma machadada para "uma indústria que vinha saindo de uma crise económica mundial e de uma onda de publicidade negativa, gerada pela luta do Governo mexicano contra a deliquência organizada". 

Jorge Betancourt, por seu turno, chama a atenção para o facto do grupo Piñero ter decidido relançar as operações turísticas no México numa altura tão crítica. "Confiamos no México e no povo mexicano, que teve mais este sacríficio de enfrentar o impacto do vírus. Somos um povo capaz de superar qualquer obstáculo", garante Betancourt.