Podemos achar estranho que uma história cultural da Guerra Fria termine em 1965, mas há razões para isso. Enquanto combate entre a liberdade e o totalitarismo, a Guerra Fria atingiu a sua vitalidade máxima nesses 20 anos iniciais. Até então era possível acreditar que os Estados Unidos, líderes do bloco da liberdade, eram animados por intenções puramente boas. Os bombardeamentos maciços que vitimaram centenas de milhares, se não milhões de pessoas no sudoeste asiático, destruíram essa ilusão. Em paralelo, sucessivas revelações sobre atividades secretas do Governo americano — em 1967, por exemplo, soube-se que a CIA tinha infiltrado um grande número de organizações juvenis e estudantis — também contribuíram para roer a confiança de muitos americanos na saúde moral, e não só, do seu país. Revoluções sociais necessárias, mas acompanhadas por cenas de caos reforçaram esse sentimento, e a queda de Saigão e o choque petrolífero arruinaram de vez o otimismo do pós-guerra. Quando Reagan chegou ao poder em 1981, prometendo um renascimento social, o ambiente já era completamente diferente, justificando histórias autónomas, que diversos autores têm vindo a escrever em anos recentes.
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