Jovens nascidos em 2004 e 2005, atenção: vem aí o cheque-livro, uma iniciativa do Ministério da Cultura e da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) para pôr os mais novos a ler. O Governo quer dar a cada jovem que tenha 18 anos feitos em 2023 a “possibilidade de escolher e comprar um livro”.
Em entrevista à TSF/Jornal de Notícias, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, explicou que o cheque-livro vai mesmo avançar, mas menciona um só livro. A proposta inicial, apresentada formalmente em maio de 2022, era a de atribuir, a cada cidadão que more em Portugal e que faça 18 anos, um cheque no valor de “100 euros para a compra de livros nas livrarias de Portugal”. Agora, o ministro fala apenas num único título.
Em declarações aos jornalistas à margem de um evento em Melgaço, o ministro escusou-se a avançar o valor final do cheque, sublinhando que isso será comunicado “na sua altura”.
O vale poderá apenas ser utilizado em livrarias físicas, não em lojas online, para que os jovens possam “experimentar” um livro, “replicar a experiência, não apenas da leitura, mas da compra e da escolha, deixar a cada um essa possibilidade”, explicou na entrevista. Os jovens podem depois trocar o voucher pelo título que desejarem.
A medida, há muito reclamada, ainda não tem uma data de arranque anunciada, mas Adão e Silva justifica a demora na implementação com dificuldades “de operacionalização”. “Todos os jovens que nasceram em 2005 e 2004 vão ter acesso a um voucher que podem trocar por um livro numa livraria. As compras serão em espaços físicos, não em lojas online, para experimentar e escolher um livro. Há uma série de mecanismos na operacionalização desta medida que são exigentes e é nesses mecanismos que temos estado a trabalhar”, explica.
A iniciativa de consolidação dos hábitos de leitura, refere, “visa complementar o financiamento do lado da oferta, quer do Ministério, quer das autarquias locais (…) Faz sentido fazer esta experiência no livro, a base de todo o edifício cultural e uma tecnologia ameaçada”, diz, além de ser “um sinal” que o Governo “quer dar” ao mercado livreiro.
Em entrevista à Lusa aquando da apresentação da medida, no ano passado, o presidente da APEL, Pedro Sobral, referia a necessidade deste plano numa altura em que surge um “movimento de novos leitores, na faixa dos 18 aos 30 anos, muito alavancado pelas redes sociais”.
Há números a comprová-lo: os jovens são quem mais está a ler em Portugal (país onde a maioria das pessoas não lê, indicam as últimas sondagens) e fizeram com que em Portugal, como o Expresso tinha noticiado, o mercado nacional atingisse no ano passado o maior volume de faturação desde que os dados começaram a ser auditados, há 15 anos, tendo sido o que mais cresceu na Europa. As comunidades de leitores que foram surgindo em redes como o Instagram ou o TikTok foram alavancando o sector.
A medida será para repetir em anos seguintes? Não está ainda claro, mas parece ser esse o objetivo, com o presidente da APEL a sublinhar que o cheque-livro não deve ser uma medida avulsa, mas que esteja disponível “todos os anos”, sendo um “instrumento que ajuda a derrubar barreiras económicas e a trazer os miúdos para a leitura”.
Atualizado às 08h00 de 12 de julho