O ano começa com a quarta temporada de uma série que conseguiu deixar uma marca no género do crime, “True Detective”, num contexto em que se discute, cada vez mais, se a chamada “televisão de prestígio” está na sua fase final, com o fim de séries de referência e excelência como “Succession”. A química em 2014 entre Matthew McConaughey e Woody Harrelson, dois detetives em constante conflito, numa narrativa que misturou o sobrenatural com o filosófico, continua a ser escolhida para estar no topo de rankings por essa comunicação social fora.
Mas, se há nove anos a exploração da masculinidade era o tema central, neste novo ano que se avizinha “True Detective: Night Country” — escrito, realizado e criado pela realizadora mexicana Issa López e protagonizado pela icónica Jodie Foster e por uma estreante nestas lides, com raízes indígenas e cabo-verdianas, Kali Reis, que é também um nome forte do boxe — escreve-se em tons feministas. “As histórias mais excitantes estão nas plataformas de streaming”, garantiu Foster numa conversa de que o Expresso fez parte, e por isso esta quarta temporada tinha de estar no pequeno ecrã pago por assinatura. Para tamanha argumentação que teria pano para mangas é preciso que este regresso compense e convença um público que tem na HBO, na Netflix ou na Apple TV dezenas de horas de crime. Desta vez são as mulheres que mandam. Desta vez não há calor, mas frio e escuridão. E, desta vez, nenhuma das protagonistas é uma estrela de Hollywood.