Exclusivo

Cinema

Festival de Veneza: palmarés sem polémica no mais comovente fecho de sempre

Uma cerimónia cheia de emoções e de apelos políticos rematou a 82.ª edição do mais antigo festival de cinema do mundo. Jim Jarmusch, Toni Servillo e a tunisina Kaouther Ben Hania foram alguns dos vencedores

Jim Jarmusch e Tom Servillo, vencedores dos prémios Leão de Ouro e Melhor Ator, respetivamente
Gisela Schober/Getty

Foi um dos fechos mais vibrantes, politicamente ativos e comoventes de que me lembro - e venho à Mostra Internazionale d’Arte Cinematografica, em Veneza, desde 1989. Deveras, nunca se viu nada assim, a cerimónia de premiação de um grande evento do mundo do cinema terminar com uma intervenção, em direto da Terra Santa, de Pierbattista Pizzaballa, patriarca de Jerusalém, apelando ao fim das hostilidades em Gaza. Depois das alocuções de alguns dos vencedores, seja sobre a invasão da Ucrânia, seja sobre a mortandade palestiniana, essa planificada conclusão veio coroar a Mostra com uma marca forte de que as artes e a vida não se podem separar. É claro, como disse Jim Jarmusch quando recebeu o justíssimo Leão de Ouro por “Father Mother Sister Brother”, que um filme não precisa de falar de política para ser político. Mas, às vezes, como diz o povo, é preciso pôr a boca no trombone. Foi o que fez a tunisina Kaouther Ben Hania com o emocionante “The Voice of Hind Rajab” que saiu de Veneza com uma esperada e importante distinção no palmarés (Leão de Prata - Grande Prémio do Júri), um discurso politicamente empenhado sobre a tragédia de Gaza e a Sala Grande a aplaudir de pé.