Inaugurado em abril de 2023, o primeiro projeto hoteleiro de Christian Louboutin, denominado Vermelho Melides, situa-se no coração da pequena aldeia do Alentejo pela qual o designer dos fabulosos sapatos de sola vermelha desenvolveu um carinho especial. Descobriu Melides há 12 anos, no caminho de regresso do hospital de Santiago do Cacém, após se ter ferido gravemente. Adorou de tal forma a floresta de Melides e a lagoa, que restaurou uma cabana de pescador, onde regressa todos os anos para criar a coleção de inverno. Devido aos muitos amigos que o visitavam, procurou uma casa na aldeia para reconstruir e transformar em hotel. Assim nasceu o Vermelho Melides, seguindo a tendência internacional dos espaços de assinatura, mas com o cuidado de não fugir muito à estética da aldeia.
Criado sob o conceito “um lugar único, para pessoas únicas”, o Vermelho Hotel, de três pisos, tem um jardim projetado pelo arquiteto paisagista Louis Benech, “para relaxar sob os raios quentes do sol de Melides“. No interior, revela-se maximalista e eclético, com “efeito uau”, garante o diretor, Rodrigo Leal. À entrada, os azulejos brilhantes vermelho vivo e o lustre verde e dourado, em forma de colar gigante, da Klove Studio, feito com vidro soprado por artesãos da Índia, dão as boas-vindas. Os hóspedes são recebidos no Indian Lounge, espaço revestido a azulejos sevilhanos, onde há sempre algo para comer e beber, e podem descansar nos sofás rosa aconchegantes de Pierre Yovanovitch.
No terraço contíguo, cabeças coloridas de papagaios em cerâmica espreitam através da parede branca, uma instalação da escultora Elisabeth Lincot. Aviste os jardins de canas índicas vermelhas e a piscina, pequena, mas charmosa, rodeada de estatuária de Giuseppe Ducrot. Caminhe até às espreguiçadeiras por um carreiro de relva rodeado de flores. No bar, beba um cocktail de assinatura e admire o palanquim de folhas de prata, criação de ourives sevilhanos para a exposição “L’Exhibition[niste]” de Louboutin, realizada em Paris, em 2019.
O Vermelho Hotel tem somente 13 quartos e suítes (desde €230), cada qual com identidade própria. São “treze quartos únicos e singulares, diferentes, em tonalidades, texturas e estilo, mas todos partilhando a natureza íntima, quente e vibrante que caracteriza o vermelho”, como se pode ler no site do hotel. Nos quartos encontra detalhes únicos e marcantes, como a cama baldaquina ou a banheira burlesca. As cores são vibrantes e apaixonantes. Nas suítes Jardim Português destacam-se “os azulejos alentejanos que cobrem o chão e irradiam cor e tradição”, a luxuosa banheira, armários com a famosa treliça francesa da Maison Gatti e obras de arte exclusivas escolhidas por Louboutin. Já a Matinha, com 84 m2, é descrita como a suíte mais exclusiva do hotel, onde se destaca “uma criatividade singular em cada recanto”, que tem como ex-líbris os “pitorescos frescos que decoram as paredes, pintados à mão pelo artista grego Konstantin Kakanias”. Dispõe de terraço privativo e de uma lareira na sala.
O restaurante “Xtian”, chefiado por David Abreu, é camaleónico. Informal ao longo do dia, muda ao jantar com o teto iluminado de várias cores. De futuro, haverá uma programação cultural no hotel, entre “música ao vivo e workshops de storytelling, cerâmica, pintura”. “Queremos manter a autenticidade e, sempre que possível, contratar pessoas da aldeia e região, que conhecem bem Melides e Grândola e sabem explicar tradições e indicar as praias mais recônditas, para uma experiência única e genuína”.
A gestão do projeto está a cargo da Marugal, empresa especializada em hotéis boutique que tem no Vermelho o primeiro hotel em Portugal, mas está em curso a criação do segundo alojamento de Louboutin em Melides, o Vermelho Lagoa.
O hotel Vermelho Melides (Rua Doutor Evaristo Sousa Gago, 2, Melides. Tel. 915280511) integrou o guia “20 hotéis que definem tendências” oferecido pelo Expresso no âmbito dos 20 anos da marca Boa Cama Boa Mesa.