Abriu portas no verão de 1989, na Maia, como um “restaurante de comida tradicional”, conta Filipa Almeida, filha de Fernando e Alice, fundadores da casa. À época brilhavam Rojões, Tripas à moda do Porto e Cozido à portuguesa, entre outros emblemas da cozinha popular, sempre feitos a preceito, e O Fernando ganhava notoriedade com o passar dos anos. “Na década de 90 já era muito conhecido”, também graças à introdução de outras especialidades, como o cabrito, ainda hoje protagonista na ementa. “Era um prato que, nessa época, não se fazia aqui na zona, nem perto”, assinala.
Atualmente, é esse “Cabrito de leite com batata e arroz de forno” disponível todos os dias, para duas pessoas (a partir de €45) e feito segundo a receita da avó de Filipa, a razão maior para uma visita de “uma clientela muito eclética”, das famílias de antigamente aos turistas, graças à proximidade ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, passando pelo público mais jovem, que já frequentava o restaurante na infância. “Ainda hoje, um rapaz com 20 anos disse que vinha cá com o avô e que agora trazia os amigos para conhecer”, recorda. Por encomenda é ainda possível provar o “Cabrito à maiata”, que como o nome indica, se inspira na receita local que, em assadeira de barro, confeciona a carne em cima de paus de loureiro, dispostos em grade por cima do arroz, que é levado ao forno, preferencialmente a lenha.
Desde o início de 2015, o restaurante O Fernando está nas mãos de Filipa e do marido Ricardo Monteiro, também responsável pela carta de vinhos, outra das marcas identitárias da casa. “Antigamente, apostava-se mais nas marcas, a carta de vinhos ancorava-se nas grandes casas, mas atualmente trabalhamos com referências mais fora da caixa e com pequenos produtores, maioritariamente portugueses”, assim como com alguns exemplares de colheitas mais antigas. “Aqui encontram-se alguns vinhos que dificilmente estão disponíveis em outros locais”, assegura Filipa.
Com a nova gerência, as mudanças estenderam-se também à ementa, onde vão surgindo novidades, que nunca fogem muito dos temperos de outrora, e ainda à decoração. Embora mantenha a traça original, o restaurante ficou mais confortável. A lareira regressou, mas tornou-se apenas decorativa. “Quando o meu pai abriu o restaurante, fazia grelhados no meio da sala.” No entanto, foram perdendo força à medida que o cabrito assado, sempre muito pedido e razão para romarias diárias, ganhava a preferência da clientela.
Por estes dias, nas entradas registam-se “Croquetes de cabrito com maionese de especiarias” (€6,50), “Escabeche de coelho” (€,7,80), “Fígados de cebolada” (€7,50), “Tutano” (€7,50) e “Cogumelos grelhados com barriga fumada e ovo a baixa temperatura” (€8,50). Nos peixes, clássicos marinhos revisitados como “Bacalhau, migas e tomate assado” (€21,90) e “Polvo, batata-doce e chalotas” (€22,50). Nas carnes, conte com “Naco de vitela” (€19,90) e com “Vitela assada a baixa temperatura, puré e cebola caramelizada” (€20,50). Para terminar, conte com “Rabanadas à Poveira”, “Pudim Abade de Priscos” e “Leite-creme cítrico”, entre outras sobremesas.
O restaurante O Fernando (Rua de Pedras Rubras, 135, Moreira, Maia. Tel. 229426068) integrou o guia “20 restaurantes que não passam de moda”, oferecido pelo Expresso, no âmbito dos 20 anos da marca Boa Cama Boa Mesa.