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Arrábida aprovada como Reserva da Biosfera da UNESCO

A Arrábida, na Península de Setúbal, é a partir deste sábado Reserva da Biosfera da UNESCO, anunciou a instituição das Nações Unidas em cerimónia realizada em Hangzhou, na China. O Parque Marinho Luiz Saldanha está integrado na área classificada

Parque Natural da Arrábida
Visit Setúbal

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) anunciou este sábado na cidade chinesa de Hangzhou 30 novas reservas da biosfera, áreas reconhecidas globalmente pelos seus ecossistemas únicos e abordagens inovadoras para uma vida sustentável. Após o Congresso Mundial de Reservas da Biosfera, que terminou na sexta-feira, foram anunciadas as 30 novas áreas, incluindo as de quatro de países lusófonos, Portugal, São Tomé e Príncipe, Angola e Guiné Equatorial.

Neste contexto, a Arrábida, na Península de Setúbal, é a partir agora Reserva da Biosfera da UNESCO. A candidatura da Arrábida foi submetida em setembro de 2024 ao Secretariado do Programa MaB (Homem e Biosfera) da UNESCO, em Paris.

Mais de 2000 espécies marinhas, incluindo golfinhos

Golfinhos do Sado
Vertigem Azul

Numa breve descrição da Reserva da Biosfera da Arrábida, a UNESCO explica a localização na "impressionante costa atlântica de Portugal", em 200 km2 que têm no centro a Serra da Arrábida, "cujas falésias calcárias mergulham no oceano, emoldurando uma paisagem que combina matagais mediterrânicos, densas florestas de pinheiros-bravos, grutas escondidas e vibrantes ecossistemas marinhos".

A Reserva da Biosfera da Arrábida, acrescenta, alberga mais de 1400 espécies de plantas -- representando 40% da flora portuguesa -- incluindo 70 espécies raras e endémicas. Guarda também uma fauna diversificada, com 200 espécies de vertebrados e mais de 2000 espécies marinhas, incluindo golfinhos-roaz (Tursiops truncatus), robalos-europeus (Dicentrarchus labrax) e salmonetes-vermelhos (Mullus barbatus).

A UNESCO destaca ainda as "impressionantes falésias costeiras e desfiladeiros subaquáticos" e diz que cerca de 68.000 pessoas vivem em cidades históricas, portos de pesca pitorescos e encantadoras aldeias rurais em toda a reserva. "As atividades económicas combinam tradições ancestrais -- como a pesca artesanal, o cultivo da azeitona e a produção do famoso Moscatel de Setúbal -- com oportunidades emergentes de ecoturismo. Em Setúbal e Sesimbra, as famílias de pescadores mantêm equipamentos artesanais e calendários sazonais, como a pesca da sardinheira (arte de pescar), transmitindo conhecimentos tradicionais que sustentam os ecossistemas marinhos", diz-se no documento.

A designação de reserva da biosfera facilita a conservação costeira e marinha integrada, enfatizando a restauração de habitats, a pesca sustentável e o turismo responsável, destaca-se ainda .

Arrábida, laboratório vivo

Arrábida
Ricardo Palma Veiga

Segundo explicou esta semana a Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) a candidatura pretendia "afirmar a Arrábida como um laboratório vivo de sustentabilidade, promovendo o equilíbrio entre atividades económicas, sociais e culturais e a preservação, conservação e recuperação de ecossistemas no valioso bioma mediterrânico da serra e da região envolvente".

O processo de preparação da candidatura, com a participação ativa das comunidades locais, teve início em 2016, com a assinatura de um protocolo entre a AMRS, as Câmaras Municipais de Palmela, Sesimbra e Setúbal e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Em julho do ano passado Maria da Graça Carvalho, já ministra do Ambiente e Energia, declarou o apoio à candidatura, considerando-a "um marco importante para a região e para o país", e disse que o reconhecimento internacional iria projetar a Arrábida a nível mundial.

A área que será agora Reserva da Biosfera já está em parte protegida, com destaque para a Rede Natura 2000. Integra o Parque Marinho Luiz Saldanha, uma área de proteção total onde são proibidas atividades humanas por ser local de reprodução para espécies como cavalos-marinhos e chocos. Algumas das razões que levaram as autarquias de Palmela, Setúbal e Sesimbra, com a AMRS e o CNF a apresentarem a candidatura que hoje foi aceite.

Em Portugal existiam até agora 12 áreas classificadas como Reserva da Biosfera. Pode consultar toda a lista na página da Comissão Nacional da UNESCO.

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