A partir da Régua, o percurso para chegar ao DOC de Rui Paula é curto, mas suficiente para despertar o prazer de serpentear uma das mais belas estradas do mundo, entre os socalcos vinhateiros e o Douro. É ao volante que verdadeiramente se inicia a experiência até chegar ao restaurante, discretamente erguido à beira da EN 222, onde tudo convida a embarcar noutra viagem, sempre voltada para o suave marulhar do rio.
Inaugurado há quase há 20 anos, em 2007, elevou a região, ainda longe dos holofotes atuais, com uma nova forma de abraçar a gastronomia local, cruzando-a com a cozinha de autor. Conhecedor profundo do Douro, o transmontano Rui Paula soube casar as duas vertentes oferecendo uma experiência sofisticada e contemporânea e abrindo caminho para tantos chefs e restaurantes que se seguiram.
Hoje, depois de uma renovação profunda, o DOC permanece único. Continua a oferecer a sensação de navegar pelo Douro, principalmente quando o local escolhido para a refeição é o exterior, o deck equilibrado sobre o rio. O novo mobiliário da esplanada adota tons sóbrios, com o cinzento escuro a substituir o anterior branco.
Dentro de portas, as madeiras texturadas e o verde escuro enquadram a mesa com os tons da região. Mas é na cozinha, tanto no local onde trabalha a equipa quanto na ementa, que a transformação é mais evidente. Está à vista da sala, com duas portas que se abrem automaticamente, criando um fluxo entre os dois espaços e acentuando a comunicação entre Joel Paiva, chef residente, e a sua equipa, com os clientes. O chef, que começou a laborar no DOC em 2008, pouco depois da abertura, não esconde a satisfação pela amplitude do espaço que agora também partilha da vista de rio.
O projeto esteve a cargo do Sérgio Rebelo, que também assinou, há dois anos, a renovação do DOP, no Porto.
Influência asiática
A ligação ao Douro acontece sobretudo através da carta de vinhos, com 90 por cento das referências provenientes desta região vitivinícola. À mesa, preservaram-se alguns pratos que se tornaram favoritos do restaurante, como o “Carabineiro do Algarve e arroz selvagem” (€42), nas entradas; o “Arroz caldoso de peixe ou lavagante” (€120 para dois), o “Bacalhau braseado e grão-de-bico” (€38), ou a “Pá de cordeiro de leite com arroz de forno” (€100 para dois).
Do menu “à la carte” constam ainda entradas como o “Ovo a baixa temperatura, alheira” (€28); a “Enguia fumada, maçã, galanga” (€28) e principais como o “Robalo, quinoa, abacate” (€40) e o “Wagyu, bróculos, molho de feijão preto” (€60).
Convivem com três menus de degustação, de seis (€110), 11 (€150) ou 14 momentos (€180) a que acresce uma versão vegetariana. Optando pelo pairing de vinhos acrescem €80, €100 ou €120 respetivamente.
Às raízes durienses, sobretudo no que respeita ao produto, aliam-se abordagens internacionais com foco nas asiáticas.
“Lagostim, gaspacho, melão”; “Ovo de codorniz, gamba do Algarve, harissa”; “Garoupa, rábano, lima kaffir”; “Couve-flor, crumble de azeitona e azeite cítrico” e “Chocolate, Wasabi, framboesa” são opções do menu de degustação.
O DOC Rui Paula (Estrada Nacional 222, Folgosa, Armamar, Tel. 254858123) reabriu remodelado em junho de 2025. Está aberto diariamente ao almoço e ao jantar, das 12h30 às 15h30 e das 19h30 às 22h30, exceto à terça e quarta-feira, dias (e noites) de descanso.