&conomia à 3ª

A (des)culpa dos serviços públicos

A entrada de um novo ano é sempre inspiradora e incentiva qualquer um a tornar-se um otimista irritante, condição necessária e suficiente para viver alegremente neste divertido país, onde tudo é possível.

O advento da vacinação será usado e abusado pelo regime para disfarçar a propaganda política em que se tornou a liderança política nacional, tentando mascarar as incompetências, lapsos e falsidades com que os serviços públicos continuam impiedosamente a castigar os ministros.

Foi bonito de ver e quase um orgulho nacional a cobertura mediática da boa imprensa à fortíssima operação logística de transportar as 2 (duas) primeiras caixas com vacinas numa furgoneta escoltada por batedores policiais. Da PSP e da GNR em competição. E mais houvesse…

Foi pena não terem utilizado o espaço livre da furgoneta para darem boleia aos milhões de doses de vacina da gripe prometidas para vacinar todos os portugueses, mas que os serviços públicos se esqueceram de encomendar a tempo. Curiosamente ninguém reparou na sua ausência, mas agora já deve ser bom sinal…

O que vale aos portugueses é o infalível plano de vacinação que foi espetacularmente criado num par de semanas para distribuir vacinas que não existem e que tardarão em chegar, mas que esperemos não faltem.

Após mais uma partida dos serviços públicos ao governo, ao definirem a estranha estratégia de deixar a vacinação dos idosos para o final da lista dos prioritários, a genialidade dos prazos do plano final de vacinação voltou a impressionar o comum dos mortais.

É um descanso viver num país em que a primeira fase de vacinação prioritária decorrerá até Abril, altura em que a segunda fase começará sem prazo para terminar. A fase de vacinação da população em geral, a grande maioria do plano, começará assim num qualquer dia quando a segunda fase terminar. É este o plano…

Depois de começarem com grande pompa e circunstância o plano de vacinação com o pessoal hospitalar exclusivamente dos hospitais públicos, alguém mal-intencionado logo questionou sobre a diferença de tratamento dado aos hospitais privados e das misericórdias. Certamente terá sido mais uma maldade dos serviços, mas que será resolvida quando chegarem mais vacinas…

Pode ser que seja agora que os responsáveis públicos consigam finalmente fazer esquecer a vergonhosa incapacidade de controlar os impactos da pandemia nos lares de Portugal, que continua a surpreender com a quantidade inaceitável de surtos tardiamente identificados, com as consequências já bem conhecidas.

Esperemos que o facto de as autoridades públicas não quererem registar quem não quer ser vacinado, ao contrário de Espanha, não signifique que não esteja a registar quem é vacinado… o que seria mais uma grande maldade dos serviços feita ao governo…