&conomia à 3ª

Chegou a vacina... da gripe?

E lá se passou mais um estranho fim de semana com um recolher obrigatório criado em laboratório pelos cientistas políticos portugueses. O cansaço acabará por vencer o vírus, com tanta estratégia aleatória.

A outrora indispensável medida de desfasamento dos horários de trabalho durante a semana para evitar aglomerações de pessoas, foi surpreendentemente rasgada nos fins de semana passados. Mas a justificação era técnica e a solução infalível.

Os dados pareciam ser claros como água e a sua interpretação bastante sólida. Afirmava então a DGS com pompa e circunstância que 68% dos novos casos de infeção eram transmitidos em ambiente familiar, com base nos dados que nunca ninguém viu.

O seio familiar era assim um antro de perdição, onde as festas e almoçaradas de Domingo infetavam os comensais que não tinham ainda sido infectados no manjar de Sábado. O mistério estava assim resolvido em família, pois pouco interessava onde os parentes infecciosos teriam sido infectados. Noutras reuniões familiares certamente...

Mais uma vez a grande capacidade inventiva dos portugueses dava cartas na Europa. Enquanto que na Alemanha as autoridades desconheciam onde 75% das pessoas infectadas apanharam o vírus, na Áustria 77%, em Espanha 93%, em França e Itália 80%, por cá já se sabia que 68% era em casa da família.

Agora parece afinal que já não é bem assim, embora ninguém consiga explicar porque razão se conseguem tomar tantas medidas erradas, para além do óbvio erro de análise de dados errados por inimputáveis. Mas pouco importa o erro, pois a medida mantém-se por ser melhor que nada.

Foi triste ver a concentração de carros no trânsito das manhãs destes fins de semana como se fosse hora de ponta, de pessoas na rua num corrupio de compras, mas especialmente de idosos em restaurantes onde habitualmente vão almoçar e jantar, muitas vezes sozinhos, a deglutir o almoço às 12h enquanto assistiam ao rodopio dos empregados habituais literalmente a correr para tentar acudir a todos os inconscientes convivas que foram obrigados a encher o restaurante como nunca se viu antes... na tentativa de servir todos os almoços das 12h às 13h.

Mas como surpreendentemente estamos em linha com os outros países europeus, com cerca de 80% de infeções por identificar o local de contágio, nunca se saberá ao certo medir o efeito negativo deste pseudo-confinamento envergonhado nas cadeias de contágio.

Tal como nunca se saberá qual o impacto negativo na economia destas medidas avulsas que com tanta ligeireza afectam a vida de tantos portugueses. Não é assim de admirar a crescente resistência da população em aceitar cegamente as políticas de gestão da crise sanitária, sem explicação prévia fundamentada.

A última moda é agora a prometida campanha relâmpago de vacinação a começar já em Janeiro, na mesma altura ou até mesmo antes que Alemanha, Reino Unido e outros países em tudo comparáveis a Portugal.

Esperemos que os responsáveis políticos portugueses consigam obter as tão disputadas novas vacinas mais rapidamente do que conseguiram cumprir a, igualmente prometida, campanha de vacinação massiva contra a gripe.