Há barões socialistas próximos de António Costa que não param de morder as canelas de Seguro.
Mas Seguro já ganhou dois Congressos do PS e nunca o homem de quem se fala para lhe tirar o lugar, precisamente António Costa, se apresentou então a votos no conclave.
Quer há dois anos, quer já este ano, Costa não avançou para liderança do PS por puro calculismo político.
Ora, este jogo encoberto não pertence à tradição do PS.
Há 20 anos foi acesa a luta pela liderança entre homens como Vitor Constâncio, Jaime Gama, Jorge Sampaio e João Soares (quando este ainda tinha esperanças de ser o herdeiro político do pai Mário Soares). Mas todos se defrontaram entre si em jogo aberto, com total transparência.
Não ficaram à espera da melhor oportunidade para se chegarem à frente.
Vitor Constâncio ganhou um Congresso a Jaime Gama e outro a João Soares.
Jorge Sampaio ganhou um Congresso a Jaime Gama.
António Guterres ganhou um Congresso a Jorge Sampaio.
Ora, António Costa nunca disputou um Congresso a António José Seguro.
E hoje está aí, recandidato a Lisboa por mais... quatro anos.
O que não o inibe de dificultar mais a vida a Seguro.
Este fim-de-semana, numa entrevista ao Económico, António Costa falou sobre as suas ambições ao cargo de primeiro-ministro.
"Se me pergunta se recuso ser, não. Se vou fazer tudo para ser, não! Tenho esta missão. O país tem um primeiro-ministro, tem mesmo um candidato alternativo a primeiro-ministro".
Podia ter respondido noutros termos, Podia. Recusando falar das suas ambições futuras porque a sua ambição é Lisboa. E, já agora, dar uma palavra de força a Seguro.
Seguro tem debilidades. Mas como as resolver se os "amigalhaços" do PS lhe carregam mais em cima. Não estamos longe da metáfora da incubadora de Santana Lopes... só a máquina a abanar é que é diferente.
Tudo isto tem um preço. O do ressentimento. Se Seguro não chegar lá, vai andar por aí, com boa parte do aparelho do PS, para fazer a vida negra a quem tudo fez para lhe cortar as pernas.