É preciso topete

Merkel, Adenauer e as sementes do mal

Paulo Gaião

Merkel ficou à beira da maioria absoluta. Quase igualava o resultado de Konrad Adenauer em Setembro de 1957, seis meses depois de a República Federal Alemã entrar na Comunidade Económica Europeia.

Duas potências, a Alemanha e França davam as mãos, construindo a base do que seria a Europa das décadas seguintes.   

As eleições de 1957 são marcadas por uma campanha onde os temas internos estão em destaque.

Adenauer e a CDU, já no governo, mostram o cartão de visita do baixo desemprego e do crescimento económico alemão.

E são os depositários de uma promessa de integração europeia que irá trazer ainda mais benefícios à Alemanha.

Também hoje, a vitória de Merkel se alicerça nos bons resultados da economia alemã e na base da construção de uma nova Europa.

Mas, desta vez não há sequer eixos porque ninguém faz sombra ao poder de Berlim.

E os benefícios que a Alemanha colhe são uma certeza.

Há, porém, uma grande diferença em relação aos tempos de Adenauer.

O sucesso alemão alicerça-se na desgraça e na crise dos outros.

Não são sementes de esperança, como há quase 60 anos.

Podem ser sementes do mal.