Está à beira de entrar numa vida nova, mas Mariana Mortágua diz que, na verdade, há alturas em que se sente a viver os mesmos dias de há uma década. “Encontro muitos paralelos [hoje] com o tempo da troika, o medo e a desesperança em muitas pessoas.” Nascida em 1986, a sensação de déjà vu é, aliás, uma marca geracional. “A minha geração nunca soube o que é viver sem crise” — e essa é uma palavra que já não lhe serve. “Crises são momentos de exceção, em que tudo é permitido e em que se vai liberalizando a economia e degradando a democracia.” O tom sobe. “A crise é uma invenção, é um mecanismo económico e é uma chantagem permanente, que tem ganhadores.”
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Mariana Mortágua: de frente para o poder (mais um dos 50 nomes que o Expresso aponta para o futuro)
Mariana Mortágua formou-se em Economia em 2008, em plena crise do subprime, e já era mestre quando a troika que junta Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu se instalou no país. As grandes manifestações desse período definiram boa parte do rumo da mulher que será, muito provavelmente, a nova líder do Bloco de Esquerda. E que sublinha não estar a lutar por uma utopia: “A crise é uma invenção, é um mecanismo económico e é uma chantagem permanente, que tem ganhadores”