A 19 de setembro de 1931 o cinema português tinha duas razões para estar de luto. Morria Aurélio da Paz dos Reis, republicano da velha guarda, fotógrafo e entusiasta da sétima arte, que filmara, entre outras sequências pioneiras, “A Chegada do Comboio à Estação de Cadouços” (Foz), uma fita documental tão pequena em duração como carregada de simbolismo. Nesse mesmo dia, em Lisboa, uma plateia, assanhada mas ignorante, pateava a antestreia de “Douro, Faina Fluvial”, primeiro filme de um realizador então em começo de carreira: Manoel (por volta de 1970 e no que à assinatura diz respeito, mudaria a grafia ditada pelo acordo ortográfico da República com que fora registado para a antiga versão do seu nome próprio) de Oliveira. Um estrangeiro presente (fala-se que poderia ser Luigi Pirandello, então de passagem pela capital) terá perguntado se era assim que os portugueses costumavam aplaudir...
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Manoel de Oliveira
O realizador maior que o século
Foi pouco amado pelo público, mas idolatrado no universo do cinema. Explicou que "o cinema hoje é tido como movimento. Mas o movimento não existe. O que existe são as coisas a moverem-se no espaço. E isso ocupa tempo" . O perfil de Manoel de Oliveira é um dos 50 escolhidos para assinalar os 50 anos do Expresso, a que juntamos 50 que poderão marcar o futuro do país