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100 personalidades

Alice Gato
Sem tempo para ter medo de falhar (o 9.º dos 50 perfis que podem definir o futuro do país)

É uma das principais vozes em Portugal de uma geração que vive em ecoansiedade. Admite que o caminho ecofeminista e ecossocialista que professa não tem eco “na política institucional”. Já foi detida pelo menos duas vezes, é uma ativista e não sabe ser outra coisa: “Preciso de aprender a lidar com as amarras da ansiedade dirigida aos locais errados, deixar o medo do medo e ter coragem de ter medo da realidade”. O perfil de Alice Gato é um dos 50 escolhidos pelo Expresso, por representarem o futuro do país - a que juntamos 50 que marcaram os últimos 50 anos

Foto António Pedro Ferreira

Tinha uns 15 anos quando um documentário sobre alterações climáticas a deixou em lágrimas. Não se lembra bem dos pormenores que originaram a aflição, mas a partir daquele momento sentiu que tinha de sair do seu cantinho e “fazer alguma coisa”. Agir e enfrentar o medo, reinventando-se. Cinco anos depois é um dos rostos mais ativos do movimento Climáximo e da Greve Climática Estudantil. E é com um brilhozinho nos olhos que recorda como “foi marcante” a primeira grande manifestação climática, em setembro de 2019, ao ver milhares de jovens a faltar às aulas e a manifestarem-se nas ruas de Lisboa e de duas dezenas de cidades portuguesas, ecoando palavras de ordem pela urgência da ação, pela garantia da neutralidade carbónica até 2030 e por uma transição justa.

Agora com 20 anos, Alice Gato mostra-se uma jovem ainda mais convicta na defesa desta causa que, para ela e muitos outros jovens, se tornou uma questão existencial.

É uma ativista e não sabe ser outra coisa. “É corajosa e determinada”, caracteriza-a a amiga e companheira destas aventuras, Matilde Alvim. “É uma lutadora, sensível, criativa e inteligente e está sempre pronta para o que o movimento precisa”, descreve-a o amigo Diogo Silva.