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António Damásio
O homem que corrigiu Descartes (quarto dos 50 perfis que definem 50 anos de história)

As sua investigações no campo das neurociências lançaram uma nova luz sobre o funcionamento do cérebro humano. E ajudam, agora, a explicar até o comportamento dos militares num conflito como o da Ucrânia. O perfil de António Damásio é um dos 50 escolhidos para assinalar os 50 anos do Expresso, a que juntamos 50 que poderão marcar o futuro do país

Foto Tiago Miranda

Cientista português de renome mundial, está radicado nos Estados Unidos desde 1975, onde leciona na Universidade do Sul da Califórnia, depois de ter passado pela docência e pela investigação na cidade de Iowa. As investigações de António Damásio no campo das neurociências, realizadas em parceria com a sua mulher, Hanna, lançaram uma nova luz sobre o funcionamento do cérebro humano, em particular sobre as fronteiras que tanto separam como unem a razão e a emoção.

Daí que no seu livro mais famoso, “O Erro de Descartes” (1994), ponha em causa a célebre frase do filósofo pré-iluminista francês “Penso, logo existo”. Para Damásio, não faz sentido excluir da construção do processo do conhecimento as emoções, a história pessoal, os sentimentos, as sensações e outras perceções subjetivas. Neste livro partiu da análise de um conhecido caso clínico do século XX, envolvendo um trabalhador dos caminhos de ferro norte-americanos, Phineas Gage, cuja cabeça fora acidentalmente atravessada por uma barra de ferro, e das alterações causadas quer no comportamento quer na perceção sensorial do doente.