Ensino

Marcelo admite vetar diploma sobre carreiras dos professores, mas também avisa: "O ótimo é inimigo do bom"

Diploma ainda não chegou a Belém e o Presidente pretende ouvir os sindicatos antes de decidir. Quer uma lei “equilibrada” e reconhece que não é possível para já a recuperação total do tempo de serviço

HUGO DELGADO/Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu esta quarta-feira vetar o diploma que visa corrigir as assimetrias decorrentes do congelamento da carreira dos professores caso não apresente uma solução equilibrada. "Para mim é muito importante, porque se for uma solução equilibrada, eu não tenho dificuldade em promulgá-la. Se é uma solução que não é equilibrada, eu tenho de devolver o diploma ao governo", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas à chegada ao hotel em Londres, onde está para assinalar os 650 anos da Aliança Luso-britânica. O chefe de Estado acrescentou que "preferia que isso não acontecesse".

O Presidente referia-se ao diploma do Governo destinado a corrigir assimetrias decorrentes do congelamento da carreira dos professores. O texto prevê um conjunto de medidas que permitem acelerar a progressão dos docentes que trabalharam durante os dois períodos de congelamento, entre 2005 e 2017.

Marcelo disse estar a aguardar que chegue a Belém o diploma sobre essa matéria e que depois pretende ouvir os sindicatos dos professores antes de tomar uma decisão. "Por um lado, sabe-se que não pode ser provavelmente uma solução total no global, e que há limitações de vária natureza - financeira e administrativa - que não permite essa solução total imediata", referiu. Por outro lado, O Presidente disse acreditar que a grande maioria dos professores "é muito sensata e percebe que o ótimo é inimigo do bom".

"Espera-se que o Governo proporcione o bom, isto é, que dê passos no sentido de realmente se encontrar uma solução que permita iniciar o próximo ano letivo num clima mais sereno e pacificado", vincou.

O Presidente da República iniciou esta quarta-feira uma visita de dois dias a Londres para celebrar os 650 anos da Aliança Luso-Britânica. Um atraso impediu a visita ao pavilhão de Portugal no festival de gastronomia Taste of London.

À noite, será o convidado especial de um jantar promovido pelo Conselho da Diáspora Portuguesa e pela Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido reservado a convidados. Na quinta-feira de manhã será recebido no Palácio de Buckingham pelo rei Carlos III e de seguida os dois chefes de Estado assistirão a uma cerimónia religiosa para Capela da Rainha do Palácio de Saint James.

O evento vai assinalar o aniversário do Tratado de Londres de 1373, assinado por Eduardo III de Inglaterra e Fernando I de Portugal, que iniciou a mais longa aliança diplomática em vigor no mundo.