A crise da habitação e a falta de respostas públicas empurram milhares de famílias com crianças para pensões e outras unidades hoteleiras, onde, como descreve Maria Inês Amaro, ex-diretora do Departamento de Desenvolvimento Social do Instituto da Segurança Social e professora no ISCTE, “a vida resume-se a pequenas decisões, como onde comer e onde dormir, numa luta diária por uma sobrevivência quase kafkiana”. Apesar do esforço para garantir “privacidade, higiene, segurança e conforto” e evitar o afastamento das famílias da sua área de residência, na prática, nem sempre é possível, reconhece. Para a investigadora, é urgente criar “uma estrutura sólida de emergência social no território”.
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Famílias alojadas em pensões: “São colocadas sob um stress tão grande que lhes resta pouca energia além da necessária para sobreviver”
Muitas pessoas em situação de vulnerabilidade extrema dependem de pensões e outras unidades hoteleiras para não ficarem na rua. Mas o sistema está longe de garantir dignidade, estabilidade ou futuro. “Muitas acabam presas num círculo vicioso, sem apoios nem serviços que lhes devolvam a capacidade ou a energia para reconstruir a vida”, aponta Maria Inês Amaro, ex-dirigente no Instituto da Segurança Social, e professora e investigadora no ISCTE