Maria Luís, 62 anos, vai a andar a bom ritmo. Saiu de um part-time a fazer limpezas e pega já noutro ao meio dia, no Rossio, e ainda a esperam quase 200 metros a descer por uma das colinas mais íngremes de Lisboa. O caminho até começa bem, numa escadaria larga com corrimão, mas depressa desemboca na Calçada do Lavra, com 23% de inclinação, degraus estreitos e calçada polida, entrecortada por carris luzidios, e menos de 15 minutos para completar a rota. Ainda por cima está uma chuva fininha para ajudar na derrapagem. Valem-lhe os sapatos rasos, com sola de borracha, já previstos para que nenhum azar lhe comprometa o horário ou as canelas.
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Os funiculares pararam e as colinas de Lisboa ficaram mais altas outra vez
Sem elevadores, a Mouraria deixou de subir à Graça, os médicos do Lavra valem-se do cárdio e não há turistas a chegar ao Carmo em 45 metros de torre neogótica. Na Bica já arrancaram os testes de segurança, sem os quais não há regresso aos carris