Sociedade

Exercício físico de alto impacto na adolescência pode ajudar a aumentar massa óssea

Estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto envolveu 1137 adolescentes e mostrou que os benefícios não se fazem sentir apenas nos ossos diretamente sujeitos ao impacto da atividade física

Paul Childs

Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluíram, num estudo que envolveu 1137 adolescentes, que o exercício físico de alto impacto pode ajudar a aumentar a massa óssea ao longo do tempo.

Numa nota publicada na página da Universidade do Porto, o instituto salienta esta quarta-feira que o estudo procurou averiguar o impacto do exercício físico de alto impacto na densidade óssea ao longo do tempo.

Para tal, os investigadores recorreram à coorte EPITeen, tendo avaliado 1137 adolescentes em dois momentos - aos 13 e 17 anos -, que forneceram informações sobre a sua prática desportiva e a densidade mineral óssea do rádio (osso do antebraço).

A recolha nestas duas idades permitiu "ver a evolução de densidade óssea ao longo do tempo", assim como o efeito do exercício físico, salienta o ISPUP, acrescentando que os adolescentes avaliados foram classificados em três grupos distintos: os que não praticavam nenhum exercício físico, os que praticavam exercício de baixo impacto (natação) e os que praticavam exercício físico de alto impacto (dança e futebol).

Nos rapazes, o estudo concluiu que os que praticavam "exercício físico de alto impacto apresentaram maior densidade mineral óssea do antebraço e tiveram também o maior aumento da densidade mineral óssea entre os 13 e os 17 anos".

Nas raparigas, "não foram observadas diferenças significativas" no decorrer do tipo de desporto praticado.

O estudo mostrou que os benefícios do exercício físico não se fazem sentir apenas nos ossos diretamente sujeitos ao impacto da atividade física, mas "naqueles que não o são".

Citada na publicação, a investigadora Elisabete Ramos afirma que os resultados do estudo "suportam a hipótese de que o efeito do exercício físico na massa óssea não seja apenas localizado".

"O exercício físico, em especial o de alto impacto, poderá ter um importante papel no desenvolvimento da densidade mineral óssea, ao longo da adolescência, e este efeito ocorre não só na zona específica de impacto da atividade praticada, promovendo a melhoria global dos níveis de massa óssea", acrescenta.

O estudo, designado "The effect of impact exercise on bone mineral density: A longitudinal study on non-athlete adolescents", foi financiado pela Fundação para a Ciências e a Tecnologia (FCT) através do Fundo Social Europeu.