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Boda milionária no Algarve esqueceu-se das licenças ambientais: o que está em causa e por que motivo foi autorizada

Festa de casamento de milionário italiano Lapo Elkann com a ex-piloto de rali Joana Lemos aconteceu em quinta privada, inserida no Parque Natural da Ria Formosa, sem as devidas autorizações ambientais. A organização do evento incorre num processo de contraordenação ambiental.

Nas margens da Ria Formosa, numa quinta em Arroio, Luz de Tavira, em área classificada como Parque Natural, sítio da Rede Natura 2000, Reserva Ecológica Nacional e protegida pelo plano de Ordenamento da Orla Costeira, foi erguida uma infraestrutura temporária para festas sem a autorização devida de todas as entidades competentes.

A festa aconteceu entre a tarde desta quinta-feira e as 4h00 da manhã de sexta, com música a ouvir-se a mais de 500 metros de distância. Neste caso, a razão foi a boda de Joana Lemos (condutora portuguesa de ralis) com o milionário italiano Lapo Elkann (neto de Gianni Agnelli e um dos herdeiros do império que envolve a Juventus e a Ferrari). A empresa organizadora do evento não terá tratado das autorizações devidas atempadamente e pode incorrer em processos de contraordenação e multa.

Segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o pedido de parecer para a “colocação de duas tendas na propriedade privada dentro do Parque Natural da Ria Formosa, para a realização de uma cerimónia de casamento prevista para esse mesmo dia”, só lhes chegou por email “às 13h16 do dia 7 de outubro”. Informavam que no mesmo dia tinham feito um “pedido de licença especial de ruído ao Município de Tavira” e “ realizado um plano de medidas de autoproteção e evacuação de emergência, que contemplam a presença das autoridades locais imprescindíveis”. De acordo com o ICNF, “foi realizada uma visita ao local por uma equipa de vigilantes da natureza, que verificou que as tendas se localizam no logradouro e jardim da propriedade e não afetam valores naturais”. Contudo, como o pedido não foi feito atempadamente, como dita o plano de ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa, a organização do evento “incorre numa contraordenação”.