Ao fim de seis meses de negociações foi alcançado um acordo político para a nova Política Agrícola Comum (PAC). Está satisfeita com este acordo?
Estou satisfeita porque concluímos a presidência portuguesa com êxito. Foi o último pacote a ser fechado. Era uma prioridade concluir esta reforma porque precisamos de garantir estabilidade e previsibilidade aos agricultores e porque os Estados Membros precisam de concluir os seus planos estratégicos (PEPAC) e submetê-los à aprovação da CE para os implementarmos a partir de janeiro de 2023. Esta é a reforma mais ambiciosa desde a década de 90 e gostava que fosse ainda mais ambiciosa. Mas não queremos uma PAC que cause uma disrupção. Queremos garantir a sustentabilidade do sistema agroalimentar europeu, com base nas dimensões ambiental, económica e social. A primeira vez que a Comissão apresentou uma proposta para a reforma da PAC foi a 18 de junho de 2018 e desde essa data e até agora houve um imenso conjunto de reuniões, trílogos e supertrilogos, reuniões técnicas, conselhos de ministros, mas só agora com a Presidência Portuguesa conseguimos fechar este acordo. Não foi fácil.
Sem disrupção, como consegue a PAC ir ao encontro dos novos desafios ambientais como o Pacto Ecológico Europeu ou a Estratégia do Prado ao Prato?
É a primeira vez que nos pagamentos diretos 25% do Orçamento fica afeto a regimes ecológicos e isso é um sinal claro daquilo que é a aproximação a esta dimensão ambiental. No segundo pilar, o envelope financeiro para medidas de ambiente e clima representa 35%. Estamos a falar de um terço do pacote da PAC para medidas de ambiente e clima. São medidas que querem garantir rendimento aos agricultores, mas assentes em práticas ecológicas, em formas de produção mais amigas do ambiente e que promovam a biodiversidade, contribuam para a neutralidade carbónica e possam garantir a segurança alimentar. É muito ambicioso fazermos isto.