Amália, o ChatGPT português, não vai estar acessível ao público. O projeto, apresentado no ano passado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, não terá um chat online para as pessoas conversarem nem uma aplicação onde qualquer um possa colocar questões ou pedir informações como acontece com outros serviços internacionais. O seu uso ficará limitado à administração pública, noticia o jornal Público na sua edição deste domingo.
“O modelo será utilizado em aplicações específicas da Administração Pública, não estando previsto pela equipa de desenvolvimento do modelo neste momento criar um serviço de acesso público semelhante às soluções comerciais existentes no mercado”, diz João Magalhães, investidor da Universidade Nova de Lisboa e coordenador do projeto que está a desenvolver o Amália.
Esta decisão contraria o anúncio feito em novembro último pelo então ministério da Juventude e Modernização, responsável pelo projeto Amália em parceria com o ministério da Educação de que “todas as versões desenvolvidas serão disponibilizadas de forma gratuita e em open source (acesso aberto), para que seja utilizado por todos, incluindo Academia, centros de investigação, entidades públicas, empresas e cidadãos”.
Soberania linguística
No treino do Amália foram usadas mais de 100 mil milhões de palavras, tendo por base o modelo EuroLLM (grande modelo de linguagem) e, no total, “o modelo tem 9 mil milhões de parâmetros”, avança o investigador ao Público.
É um número 20 vezes inferior ao do ChatGPT-4 (175 mil milhões de parâmetros), mas a competição com modelos maiores de escala global nunca foi o objetivo do projeto que conta com um investimento de 5,5 milhões de euros, financiado através do Plano de Recuperação e Resiliência, e tem um prazo de 18 meses para cumprir a missão de interpretar diferentes formatos de dados e ser “extremamente competente na interpretação e criação de texto de língua portuguesa, bem como no conhecimento histórico, cultural, científico e literário em Portugal.
De acordo com o comunicado de Conselho de Ministros que apresentou o projeto, o seu objetivo prioritário é reduzir “a dependência face a LLM estrangeiros, garantindo a existência de um ativo digital ao serviço da sociedade portuguesa” e uma maior soberania linguística que contrarie o domínio de grandes modelos de linguagem norte-americanos.