Este ano Henrique Real ainda não sabe se vai continuar a ter água nas torneiras da casa ou para regar a pequena horta, no limite sul do concelho de Odemira. “Face à situação atual de escassez de água e às alterações climáticas, temo que o abastecimento seja condicionado”, diz ao Expresso. E reforça: “Receio mesmo que a água não venha a chegar para todos, perante o aumento contínuo da ocupação por estufas e agricultura intensiva no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina”.
Como tem sido hábito, desde que tem casa no Monte da Eira Velha, na freguesia de São Teotónio, Henrique Real enviou o habitual requerimento à Associação de Beneficiários do Mira (ABM), em janeiro, a pedir acesso ao abastecimento de água a partir do canal, para consumo doméstico e para rega da horta. Fá-lo desde 2012, por não ter outra alternativa, já que à sua casa não chega a água da rede pública municipal (como atesta uma declaração da Junta de Freguesia de S. Teotónio). E o poço existente no terreno (desde meados do século passado) está prestes a secar. Mas não obteve resposta até agora.