Sociedade

Ivo Rosa aceita Sócrates como assistente no caso EDP

Contra a vontade do Ministério Público, o ex-primeiro-ministro José Sócrates vai auxiliar o Ministério Público na investigação do caso EDP, caso que se arrasta há nove anos e que tem como principal arguido Manuel Pinho, ex-ministro do Governo de Sócrates

SUSPEITAS Manuel Pinho, ex-ministro de um dos governos de Sócrates, é o principal arguido de um processo em que o o antigo primeiro ministro declarou guerra ao Ministério Público para poder ser assistente. A palavra final vai ser de Ivo Rosa
Alberto Frias

O juiz Ivo Rosa decidiu que José Sócrates vai ser assistente no caso EDP, adianta o Observador. Pedro Delille, advogado do ex-primeiro-ministro, diz que ainda não foi notificado nem tem qualquer informação a este respeito.

De acordo com a lei, o assistente de um processo tem como função auxiliar a investigação, mas neste caso em concreto os procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto opuseram-se com o argumento de que Sócrates estava a "instrumentalizar" este estatuto para "ter acesso" a um processo em que "como bem sabe" estão a ser investigados factos que o envolvem e a que pode "ser chamado".

Em declarações ao Expresso, José Sócrates classificou os argumentos do MP como "estapafúrdios", alegou que o processo é público e, como tal, pode ter acesso ao que quiser e garantiu que quer ajudar "na descoberta da verdade" e "sindicar" a ação do MP.

O ex-PM alegou ainda que o MP não o quer no processo porque há informação oficial das autoridades brasileiras que levantam a hipótese de ter havido financiamento ilegal das campanhas do PSD em 2011 e 2015 através de pagamentos da Oderbrecht a um "marqueteiro" brasileiro que trabalhou para o PSD.

Em 2011, Passos Coelho venceu as eleições que culminariam com a demissão de Sócrates e o seu afastamento da vida política e em 2015 o PSD voltou a ganhar as eleições mas perdeu a maioria parlamentar, facto aproveitado por António Costa para formar um governo em "geringonça" com o PCP e o BE.

O juiz Ivo Rosa, o mesmo que já decidiu o futuro da Operação Marquês, deu razão aos argumentos de Sócrates, que passa assim a colaborador do Ministério Público.