Luís Lupi (1901-1977) era um homem de bom coração, católico praticante. Mas era também ambicioso, calculista, praticava um jornalismo com escassos princípios deontológicos. Era salazarista desde a primeira hora, mas Salazar não gostava dele. António Ferro não o podia ver. Foi protegido por Marcello Caetano, que esteve ao seu lado na fundação da Lusitânia, em 1944. Anos mais tarde, por altura da “primavera marcelista”, Lupi já se afastara do antigo protetor, voltando-se para os sectores mais conservadores do regime. Após o 25 de Abril, refugiou-se em Madrid e lutou até ao último fôlego para tentar salvar a sua agência noticiosa e derrubar o regime democrático. Falhou os dois projetos.
Luís Caldeira Lupi sempre quis criar uma agência noticiosa que ligasse todo o mundo de língua portuguesa. Criado entre Moçambique, a África do Sul e a Inglaterra, transferiu-se para a sua Lisboa natal em 1928, quando, já casado com Nita Lupi (Mariana Lança), optou definitivamente por uma carreira jornalística. Mariana, uma cantora lírica, tinha dois filhos, que ele generosamente perfilhou. Em Lisboa, Lupi movimentava-se entre a Sociedade Propaganda de Portugal (S.P.P.), a Sociedade Geografia de Lisboa, a União Nacional e outras instituições relevantes do Estado Novo. Mas era também um “inconformista”, muito próximo de conhecidos artistas modernistas, mas não de António Ferro.