Desde a manhã desta quinta-feira que o Governo português tem uma equipa de quatro pessoas nas filas no Canal da Mancha, do lado do Reino Unido. Além do cônsul adjunto, há mais três funcionários do consulado português a distribuir água e comida aos cerca de 300 camionistas portugueses retidos no local.
“Desde as 07h que estão no terreno a prestar a apoio às pessoas que estão nas filas”, diz ao Expresso Berta Nunes, secretária de Estado das Comunidades Portuguesas. Confrontadas com as críticas à demora da ação do Executivo português, a secretária de Estado explica que se deveu ao facto de as autoridades britânicas terem informado que a situação seria resolvida mais rapidamente do que está a ser. “O processo está a ser muito lento. Sei que há pessoas [camionistas portugueses] que já foram testadas e estão a seguir caminho. Está a demorar mais porque, claro, a testagem começou junto à fronteira para desbloquear e quem está no fim talvez ainda não tenha notado as diferenças.”
Berta Nunes acrescenta ainda que o problema maior continua a ser a falta de informação, até porque “muitas pessoas não falam inglês”. “Depois outro problema é que as pessoas não conseguem sair das filas para serem testadas”, refere ainda.
No bloqueio do Canal da Mancha estima-se que estejam cerca de 300 portugueses. Embora a maioria se trate de camionistas que ali se encontram porque estão em trabalho, há registo de um caso de um carro de passageiros com dois portugueses retido no meio das filas. “Este é o único caso porque a maioria das pessoas opta por viajar para Portugal por via aérea. Mas havia na fila muitas carrinhas com polacos e búlgaros com várias pessoas, até com crianças. Não há registo de algo do género a envolver cidadãos nacionais.”
Ao consulado chegaram três pedidos de ajuda de camionistas portugueses. A informação foi confirmada ao Expresso na noite desta quarta-feira pela secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, que explica que os três contactos foram feitos por e-mail enviado ao consulado português no Reino Unido e que “já foram respondidos”. No entanto, acrescentou ainda, “podem ser mais os pedidos de ajuda” porque ainda não há a informação se o Gabinete de Emergência Consular também está a ser contactado.
“O primeiro e-mail recebido não fazia um pedido em concreto mas era relacionado com a situação; o segundo foi de uma pessoa envolvida e que queria saber se o bloqueio não terminasse poderia deixar o camião e regressar a Portugal por outra via. O terceiro, e este já foi recebido esta quarta-feira, foi da esposa de um camionista que está no bloqueio muito preocupada porque as pessoas estão a ficar sem comida e água”, especificou a secretária de Estado Berta Nunes.
O encerramento da fronteira foi ordenado pelo Governo francês no domingo, na sequência da descoberta de uma nova estirpe do vírus em Inglaterra, que alguns especialistas consideram ser mais contagiosa do que as variantes conhecidas até ao momento. A decisão do Governo francês levou a que cerca de quatro mil camionistas ficassem retidos durante vários dias em áreas próximas dos pontos de travessia do Canal da Mancha.
Na terça-feira, e depois de negociações com o Reino Unido, o Governo francês autorizou a passagem mas mediante a apresentação de um teste de deteção da covid-19 com resultado negativo e realizado nas últimas 72 horas.