As taxas de demência reduziram-se substancialmente nos últimos 25 anos, segundo um estudo que acaba de ser publicado na revista "Neurology". Investigadores da Universidade de Harvard examinaram um conjunto de investigações relativas a um total de 49.202 pessoas e concluíram que a probabilidade de alguém vir a sofrer de demência desceu 13 por cento.
As pessoas alvo dos estudos foram acompanhadas durante pelo menos 15 anos e submetidas a testes de vários tipos: neuroimagiológicos, cardiovasculares, genéticos... A conclusão geral é que, se há 25 anos a probabilidade de sofrer demências era de um idoso em cada quatro, agora é de um idoso em cinco.
Convém notar que as conclusões se referem apenas à Europa e aos Estados Unidos, pois noutras zonas do mundo - China e Nigéria são dois países citados - a evolução foi no sentido oposto. As razões da diferença poderão ter a ver com mudanças de estilo de vida, em especial descidas do consumo de tabaco nos país ocidentais, diminuição que os fabricantes tentaram compensar com um aumento das vendas dos seus produtos noutras zonas do mundo.
Sabe-se que existe uma ligação entre as demências - um termo que cobre várias doenças, das quais a mais conhecida é o Alzheimer - e fatores de risco cardiovascular. Vasos sanguíneos danificados em consequência de tensão alta parecem desempenhar um papel importante no desenvolvimento de doenças neurológicas.
Outro fator que poderá estar em jogo são os níveis de educação, muitas vezes associados a um maior 'adestramento' e alargamento de capacidade no cérebro. "Existe uma teoria, mas ainda poucas provas, de que a educação empurre a demência para uma idade mais tardia", explica o autor principal do estudo, Albert Hofman, citado no jornal "New York Times".
Um dado que parece poder ser excluído, segundo o diretor do Instituto Nacional do Envelhecimento nos EUA, Richard Hodes, é o das alterações genéticas. "Isso significa que algo no ambiente aconteceu", diz ele ao "NY Times". Embora note que isso é encorajador, avisa que não se devem dar por adquiridas relações causais demasiado diretas entre certos fatores e o desenvolvimento das doenças em causa.