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38°55’41.0”N 9°00’17.5”W: aqui começa a viagem de uma família que vai dar a volta ao mundo num veleiro

Lê-se assim: trinta e oito graus, cinquenta e cinco minutos e quarenta e um ponto zero segundos a norte; nove graus, zero minutos e dezassete ponto cinco segundos a oeste. Significa isto: a localização da marina de Alhandra, não muito longe de Lisboa. E é importante para esta história que lhe vamos contar porque é de lá que João, Inês e os quatro filhos - Alice, Manuel, Francisco e Teresa - vão partir para dar a volta ao mundo. “Muita gente sonha com isso, nós vamos fazê-lo.” Em agosto vão zarpar sem data de regresso

Ana Baião

Junto ao rio, uma porta de alumínio com uma janela. Por trás do vidro está Alice - tem a garotice nos olhos mas a postura e o comportamento de alguém com mais uns quantos anos do que os dez que tem. Sorri e abre a porta. Afinal são duas que nos esperam: Alice traz Teresa pela mão. É menos morena e está naquela idade entre deixar de ser bebé e começar a ser menina. Usam vestidos leves que caem sem pesar - ali está muito calor, o sol já vai alto e a temperatura passou os 30 graus há um bom pedaço. “Cuidado com a porta”, alerta a mais velha à mais nova. Volta a sorrir, um convite para passarmos para lá da porta, onde caminham sempre com os pés nus e nos guiam pelo cais de madeira como se fosse o corredor de casa. E de certa forma tem sido. Ali, na marina de Alhandra, os Saldanha Pisco preparam-se para a maior viagem das suas vidas (literalmente e figurativamente): vão dar a volta ao mundo de veleiro.

Sempre com Teresinha pela mão, Alice leva-nos ao Alliance.

Francisco, cinco anos, espera deitado no cais. É o mais impaciente de todos, quer despachar o assunto, quanto mais depressa as visitas forem embora mais rapidamente vai brincar para um charco que há ali por perto. “Ainda falta muito?”, pergunta mais que uma vez (perdoa-nos a demora que tanto adiou a tua brincadeira, Francisco). Em cima do Veleiro está o pai-capitão-fotógrafo-professor João, 44 anos, e Manuel, de oito. Segundos depois, por um dos outros corredores da casa, surge Inês. “Ah, olá. Bem vindos”. Tem 34 anos, tem uma empresa que organiza eventos e é ela que manda no interior do veleiro. “Uma espécie de diretora do cruzeiro”, viria o casal a explicar mais tarde.