Sociedade

Cientista Alexandre Quintanilha alerta para “apartheid climático” que penalizará os mais pobres

Alexandre Quintanilha
Divulgação

O mundo está a viver um "apartheid climático", afirmou este domingo Alexandre Quintanilha, considerando que serão os mais pobres aqueles que mais irão sofrer, no futuro, as consequências das alterações climáticas.

"Estamos a viver um 'apartheid' (segregação) climático e, quem tem muito dinheiro e pode pagar aquecimentos e aparelhos de ar condicionado não se preocupa, mas quem não tem dinheiro vai sofrer as consequências das alterações climáticas", disse o cientista, em Óbidos.

Orador nas últimas das 16 mesas de autores do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, Quitanilha alertou para as consequências das alterações climáticas para o planeta, onde, no futuro, "será de esperar o aparecimento de mais eventos extremos" como "grandes tempestades, secas severas e a alteração do clima em algumas zonas do planeta".

A subida média da temperatura na Terra é um dos sinais de mudança apontados também por Pedro Matos Soares, cientista e orador na mesma mesa, onde chamou a atenção para o facto de os "ciclos de aquecimento e arrefecimento" do planeta acontecerem atualmente num horizonte temporal bastante menor.

Um mionuto de silêncio pela Amazónia

A reflexão sobre as alterações climáticas provocadas pelo homem passou pelas vantagens e desvantagens da aposta em veículos elétricos ou pelos efeitos nefastos que o tipo de alimentação que a humanidade prática pode provocar nos ecossistemas.

"Mais de mil milhões de pessoas não consomem as calorias necessárias e outros mais de mil milhões comem demais", disse Alexandre Quintanilha, acrescentando que a maior preocupação, no entanto, será "não haver água suficiente, o que gerará um grande problema de abastecimento e de qualidade da água que iremos consumir".

Além do tema das alterações climáticas o Folio focou também, no seu último dia, o problema da desmatação da Amazónia, assinalado com um minuto de silencio e 30 minutos de poesia declamada pelos escritores Afonso Cruz, Ondjaki e Valter Hugo Mãe, e por elementos do público.

Em direto do Brasil, através de videoconferência, esteve Volnei Canónica, presidente do Instituto Quindim, responsável pelo projeto "Amazónia Chama", que junta diversos artistas em ações que chamam a atenção para as queimadas na floresta amazónica.

O Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos fechou este domingo depois de 11 dias e de 450 horas de programação, marcados por mais de 210 iniciativas em torno da literatura.