Sociedade

Acórdão que absolveu Duarte Lima anulado por irregularidades

Tribunal da Relação diz que juiz que absolveu Duarte Lima na primeira instância usou factos que não estavam na acusação nem na contestação. Vai ter de refazer o acórdão

Luís Barra

O Tribunal da Relação de Lisboa anulou o acórdão que resultou na absolvição de Duarte Lima no caso da burla a Olímpia Ferteira. A notícia do Correio da Manhã foi confirmada ao Expresso por fonte judicial. Os juízes desembargadores consideram que o acórdão que absolveu Duarte Lima "tinha factos que não estavam na acusação nem na contestação" e por isso terá de ser refeito.

Segundo o acórdão, a que o Expresso teve acesso, "o tribunal não pode atender a factos que não foram objeto de pronúncia, estando limitada a sua atividade cognitiva e decisória". Assim, "não cabe aos juízes do tribunal de julgamento andar a esmiuçar os factos para 'salvar' uma acusação/pronúncia porventura insuficientemente produzida, nem para completar/salvar uma contestação escrita quando o arguido mantém o silêncio em audiência de discussão e julgamento."

Olímpia Feteira - filha do milionário Lúcio Tomé Feteira que mantinha uma disputa legal com a então companheira do pai, Rosalina Machado, que foi assassinada no Rio de Janeiro - tinha alegado que o juiz de primeira instância deu razão aos argumentos usados por Duarte Lima no seu requerimento de abertura de instrução. Recorde-se que o ex-deputado do PSD alegou que os 5 milhões de euros que Rosalina lhe entregou eram honorários pelo seu trabalho como advogado. Só que a defesa de Olímpia lembra que Duarte Lima nada tinha dito sobre o assunto durante o julgamento, tendo então usado o "direito ao silêncio".

A Relação dá por isso razão a Olímpia Feteira. Os desembargadores decidiram "julgar provido o recurso interposto pela assistente e declarando nulo o acórdão recorrido, determinam a remessa dos autos à primeira instância para que se proceda à sua reformulação de forma a expurgar o vício apontado".