Sociedade

3384 doutorados já foram contratados por universidades, politécnicos, centros de investigação e empresas

Este número corresponde a 48% dos potenciais contratos com financiamento garantido ou obrigação legal de contratação de investigadores e docentes. O Governo prometeu pelo menos 5000 contratos até ao final de legislatura

92% dos investigadores doutorados ficaram de fora no último concurso de estímulo ao emprego científico em 2018
José Carlos Carvalho

Desde janeiro de 2017 já foram contratados pelas instituições de ensino superior, centros de investigação e empresas 3384 investigadores e docentes doutorados, revela o último balanço do Observatório de Emprego Científico, o que corresponde a 48% dos 7117 potenciais contratos com financiamento garantido ou obrigação legal de contratação. E já foram abertos 5382 concursos ou procedimentos semelhantes em fase final de concretização, o que equivale a 76% dos mesmos potenciais contratos.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, prometeu pelo menos 5000 contratos até ao fim da legislatura e os mecanismos de contratação envolvem um conjunto de medidas aprovadas pelo Governo e lançadas desde o início da legislatura para estimular a contratação de doutorados, incluindo ingressos nas carreiras docente e de investigação e contratações a prazo.

O maior número de contratos já celebrados - 1622 ou cerca de 48% do total - deve-se à aplicação da chamada Norma Transitória (decreto-lei 57/2016, alterado em 2017), que permitiu a transformação de bolsas de investigação em contratos de trabalho. Estes foram assinados com universidades e politécnicos (1122) e instituições privadas sem fins lucrativos (490). Estas instituições têm sido criadas pelas universidades para tornar mais ágil e eficaz a captação de financiamentos para os centros de investigação científica, nomeadamente apoios privados nacionais e internacionais e fundos europeus.

Regularização de precários

Os outros contratos devem-se aos concursos individuais, institucionais e de projetos de investigação lançados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), a principal agência nacional de apoio à ciência. E resultam também do Programa de Regularização de Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP), dos concursos regulares lançados por universidades e politécnicos e da contratação de doutorados pelas empresas que beneficiam de apoios através do SIFIDE (Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresarial).

Apesar de a legislatura estar perto do fim e de ainda faltarem 1616 contratos para que seja atingida a meta dos 5000 prometida pelo Governo, o observatório afirma que a aprovação dos resultados dos vários concursos permitirá "ampliar as oportunidade de emprego científico a um nível inédito em Portugal e ultrapassar as metas fixadas para esta legislatura".

O Observatório do Emprego Científico foi criado, entre outros objetivos, para pressionar as universidades e politécnicos a contratarem doutorados, porque depois da entrada em vigor de toda a legislação de estímulo ao emprego científico aprovada pelo Governo houve resistência das instituições do ensino superior à contratação de investigadores. O Sindicato Nacional do Ensino Superior e as associações de bolseiros criticaram muitas vezes o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a FCT pelos atrasos no lançamento dos concursos e na divulgação dos seus resultados.

A Universidade de Lisboa foi a que contratou mais doutorados através dos vários concursos (443), seguindo-se as universidades de Coimbra (396), Nova de Lisboa (355), Minho (278), Aveiro (246) e Porto (211).