Sociedade

Bactérias no intestino podem influenciar saúde mental

Estudo concluiu que pessoas com depressão apresentavam sistematicamente níveis baixos de bactérias conhecidas como Coprococcus e Dialister

Sura Ark/Getty Images

Os micróbios instalados no intestino podem afetar a saúde mental, sugere um estudo divulgado esta segunda-feira. Segundo a pesquisa conduzida por investigadores na Bélgica, pessoas com depressão apresentavam sistematicamente níveis baixos de bactérias conhecidas como Coprococcus e Dialister, independentemente de tomarem antidepressivos.

Em sentido contrário, os dados revelaram que as bactérias Faecalibacterium e Coprococcus eram as mais comuns em pessoas que afirmavam ter uma boa saúde mental.

Publicado na “Nature Microbiology”, o estudo requer pesquisas complementares - nomeadamente para avaliar se não é a saúde mental que influencia o tipo de bactérias que floresce no intestino - mas as conclusões agora apresentadas podem abrir caminho para novos tratamentos para transtornos mentais. A opção passaria por probióticos que aumentem os níveis das bactérias ‘boas’ nos intestinos.

O estudo belga, conduzido por Jeroen Raes, do Instituto Flamengo de Biotecnologia e da Universidade Católica de Leuven, examinou e analisou os registos clínicos das mais de 1000 pessoas inscritas no projeto.

Em experiências de controlo, Raes e a sua equipa encontraram evidências de que os micróbios do intestino podem, pelo menos, comunicar com o sistema nervoso humano, produzindo neurotransmissores que são cruciais para uma boa saúde mental, escreve o “Guardian”.

“Descobrimos que muitos podem produzir neurotransmissores ou precursores de substâncias como a dopamina e a serotonina, cujos desequilíbrios estão há muito associados à depressão”, afirmou o cientista.

O próximo passo envolve o desenvolvimento de bactérias em ambiente laboratorial, para perceber que substâncias elas produzem, testando os seus efeitos em animais, a tratar com probióticos. Só depois os cientistas poderão avaliar a possibilidade de passar para os testes em humanos.