Numa manhã fria e luminosa foram muitos os portuenses e turistas que se detiveram para ver e relembrar imagens que se confundem com a história de Portugal nos últimos 40 anos.
Uns, com pressa a caminho do trabalho, prometem voltar antes do encerramento da exposição, a 13 de dezembro, outros param para tirar fotografias e evocar situações que de uma maneira ou outra deixaram marcas nas suas vidas.
"Na generalidade são fotos muito fortes, mas a da guerra dos Balcãs (1992) é deveras impressionante por ter ocorrido na Europa, aqui ao lado, há tão pouco tempo, e ter tido tão pouco relevo", referiu Filomeno Cardoso.
Para Jaime Ferreira, a exposição vale pelo impacto geral, embora tenha gostado particularmente da fotografia da Cimeira dos Açores (2003) que deu luz verde à invasão do Iraque e juntou à mesa das negociações o anfitrião Durão Barroso, Blair, Aznar e Bush. "Pelo contraste claro escuro, parece um quadro de Caravaggio".
De visita ao Porto, a dinamarquesa Kristin deteve-se sobretudo nos anos nos primeiros anos do Expresso: "Gosto das mais antigas, as da revolução que acho que acabaou com a ditadura em portugal".
A idade madura
Organizada por décadas em cinco torres, a exposição inaugurada às 11 horas, no Porto, por Francisco Pinto Balsemão e Rui Moreira, percorreu desde o início do ano 11 cidades de norte a sul do país, Açores e Madeira.
"Já estivemos em muitas cidades, atravessamos todas as estações do ano, e nunca tivemos uma inauguração com chuva, o que penso nos permite olhar para o futuro com boas perspetivas", comentou o fundador do Expresso.
Francisco Pinto Balsemão lembrou que o jornal, apesar de ter nascido em Lisboa, sempre teve uma vocação nacional e uma base de sustentação no Porto, "quer em número de leitores, como de notícias e conteúdos produzidos".
O presidente do grupo Impresa referiu ainda que aos 40 anos o Expresso atingiu a maturidade, o que não significa que caminhe para a velhice. "Com notícias feitas contra ventos no tempo da censura, depois do PREC e mesmo em tempos de democracia, o desânimo é fácil, mas o mais importante é não desistir da cultura e da história de que esta cidade é um exemplo", conclui Francisco Pinto Balsemão.
Expresso, exemplo de mérito
Na cerimónia inaugural dos 40 anos do Expresso, o presidente da Câmara do porto fez questão de lembrar que "o Porto tem memória dos tempos em que no Expresso o risco azul não escondia que o país podia aspirar a um tempo de liberdade".
"Numa altura em que a Imprensa está mais ameaçada, não pelo risco azul mas por outraspressões, são jornais como o Expresso que nos fazem refletir sobre cidadania", afirmou Rui Moreira, sublinhando que o país e a cidade precisam de uma Comunicação Social livre, independente, "que sempre foi o maior mérito do Expresso".
Hoje, às 15 horas, na sala Suggia da Casa da Música, a Conferência que encerra as comemorações dos 40 anos do Expresso tem por tema de debate "O jornalismo (que temos) é útil à democracia?".
A conferência será aberta por Francisco Pinto Balsemão e moderada por José Azeredo Lopes. Serão oradores Henrique Monteiro, José Pacheco Pereira, Rui Rio, e Miguel Sousa Tavares.