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“Imagine uma aldeia de 200 habitantes com 50 mil pessoas”: a magia do Carnaval de Podence e outras tradições do Entrudo português

Durante o Entrudo, os rituais pagãos emergem pelo Norte e Centro de Portugal com uma missão: a devassidão socialmente aceite, consentida pela transfiguração criativa, até à contenção ditada pela Quaresma

Hugo Amaral/Sopa Images/Lightrocket/Getty Images

Oculta-se o rosto com cortiças ou rendas, couro ou lata. Dissimula-se a forma física com roupas do sexo oposto, resgatadas do baú dos mais seniores — a identidade não convém aos autores da pantominice. Os dias são gordos: enche-se a barriga de pecados, caldos e bailaricos. Até à Quarta de Cinzas. Vingam-se os pecados do ano que passou na condenação comunitária (por meios não aprovados pela justiça contemporânea) da figura culpada por todos os males — seja ela o Galo (na Guarda), o Pai da Fartura (Carrazeda de Ansiães), o Pai Velho (Lindoso) ou o Rico Irmão (Touro). E depois, a viagem até à ressurreição.