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Martim Sousa Tavares: “Tenho pena que os jovens encontrem tanta desconfiança”

Aos 30 anos, o maestro é uma voz ativa na divulgação da música clássica. Crítico do conservadorismo associado a esta forma de arte, não tem medo de pisar o risco para dizer o que pensa ou experimentar novas formas de fazer música. Hoje é também em “Ídolos”, da SIC, que se apresenta no lugar de jurado

Aos 8 anos pediu à mãe que lhe desse um cão. Recebeu um piano. Sem músicos nem melómanos na família, acabaria por desistir das aulas, retomando-as apenas na adolescência. Formado em Ciências Musicais e Direção de Orquestra em Lisboa, Milão e Chicago, fundou em 2014 a Orchestra di Maggio, em Brescia, e em 2019 a Orquestra Sem Fronteiras, em Idanha-a-Nova, centrada em apoiar e fixar o talento jovem no interior do país e democratizar o acesso à cultura. Aos 30 anos, fala sete línguas, já trabalhou com orquestras de sete países e realizou concertos em cidades como Madrid, Rio de Janeiro ou São Petersburgo, mas também em locais como Rapoula do Côa (Sabugal), Orjais (Covilhã) e Colmeal da Torre (Belmonte). Comprometido com a revalorização de artistas marginais ou emergentes na música clássica, quer levá-la a novos públicos e lugares.

Gilberto Serembe e Viktor Yampolski foram dois dos seus mentores. Como o influenciaram?
O italiano era uma espécie de figura paterna para mim e para outros dois colegas. Foi o nosso primeiro professor de Direção de Orquestra, tínhamos uma relação quase filial. Íamos jantar a casa dele, punha-nos a ouvir música, dava-nos partituras para estudarmos... Mas tinha uma forma muito fechada de ver a música, quase áulica, de um excessivo rigor. Quando fui para os Estados Unidos foi diferente, queria estudar especificamente com o Viktor Yampolski — por ser russo, por causa da sua carreira, por ter sido próximo de Leonard Bernstein, que é para mim um ídolo. Do primeiro, levo um amor e um deslumbramento pela música; do segundo, uma enorme capacidade de resistir e superar.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.