A
s coincidências somos nós que as fazemos. Talvez por isso tenha dado atenção aos gritos de uma mulher à saída do ensaio de “Casa Portuguesa”, escrito e encenado por Pedro Penim. “Tu não és meu pai!!”, a frase — que, pelo tom, pretendia desautorizar um homem que, aparentemente, a tinha ofendido — interrompeu o bruaá do Largo de São Domingos, em Lisboa, junto à porta de artistas do Teatro Nacional D. Maria II, dando continuação ao que acabara de ver em palco. Como é assumido no próprio texto de apresentação, “Casa Portuguesa” conta a história (ficcionada) de um furriel, que parte, contra sua vontade, para África, mais precisamente para Lourenço Marques (hoje Maputo), para combater na guerra colonial, a de ultramar na versão linguística do regime de Salazar, a de libertação de Moçambique, como é reivindicado pela personagem mais nova deste espetáculo.