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Música: “Dido & Æneas” no Operafest, excessos contra o génio

No passado dia 30 de agosto, na Aula Magna (Lisboa), “Dido & Æneas”, joia da música barroca, prometia, mas excessos cénicos e canto pouco perceptível atraiçoaram a ópera de Purcell, ainda que os Músicos do Tejo tivessem provado autenticidade barroca

“Dido & Æneas” no Operafest, Aula Magna (Lisboa), a 30 de agosto
Susana Paiva

A expectativa era grande: uma joia frágil da música barroca, “Dido & Æneas” (c. 1684) encenada — como pede a música — por um bom coreógrafo. O resultado, porém, foi dececionante. Rui Horta carregou no palco e obliterou a ópera com excessos cénicos (a começar pelos figurinos estapafúrdios do coro, por Cláudia Efe). Tudo bem quanto a ‘maximizar o libreto’, mas é preciso escutar a música (até porque Henry Purcell era um grande dramaturgo; compôs música para mais de 60 peças durante os 36 anos de vida, 1659-95). Começou cedo, aos 8 anos, e a precocidade e vida curta apontam para Mozart como o “Purcell Austríaco”.