Em “Archipelago”, álbum lançado em 2019, foi ao “departamento” de recursos humanos do Drumming Grupo de Percussão que o compositor Luís Tinoco recorreu para encontrar o solista de marimba — André Dias — que interpretou com fluido e matemático rigor os quatro ‘andamentos’ de ‘Mind the Gap’, extraordinária obra que assenta em complexos pulsares que recortam o silêncio como espirais de fumo que ascendem em ar límpido. Também em “Archipelago”, Miquel Bernat, diretor artístico do Drumming, assumiu a marimba em ‘Ends Meet’, mais uma composição em quatro partes em que o instrumento de percussão se faz, no entanto, acompanhar pelo Quarteto de Matosinhos — Vítor Vieira e Juan Maggiorani nos violinos, Jorge Alves na viola e Marco Pereira no violoncelo. É uma peça com maior tensão interna, igualmente com pronunciada complexidade técnica, que parece adequada a ilustrar um thriller nórdico, toda ela feita de espaços angulares e de colorações harmónicas invernistas. ‘Mind the Gap’ e ‘Ends Meet’ são duas das composições de Luís Tinoco que João Barradas transcreve para acordeão no novíssimo “Unfolding”, álbum que dedica exclusivamente a obras do compositor, pensador e pedagogo distinguido com o Prémio Pessoa 2024.
Exclusivo
Música: quando o acordeão de João Barradas dá novos mundos à obra de Luís Tinoco
No acordeão de João Barradas cabe o mundo de notas, pulsares e melodias que o compositor Luís Tinoco vai imaginando para traduzir o nosso tempo, distinguido com o Prémio Pessoa 2024