Em “Um Terrível Verdor” (Elsinore, 2020), Benjamín Labatut reuniu quatro textos de “ficção baseada em factos reais”, nos quais penetra corajosamente no pensamento, na obra ou nas circunstâncias biográficas de vários cientistas do século XX. Aproximamo-nos, em breves vinhetas, de figuras que aliam sempre o brilhantismo intelectual a uma dimensão trágica: Alan Turing, Fritz Haber ou Karl Schwarzschild (astrónomo que enviou para Einstein, das trincheiras da I Guerra Mundial, a resolução das equações da Teoria da Relatividade Geral). O que o escritor chileno alcançou, ao escavar a fronteira entre a literatura e a história da ciência, foi uma espécie de reduto improvável, um lugar de reflexão livre sobre a natureza mais humana dos investigadores que tentaram, ao longo do último século, conhecer o mundo através dos instrumentos da matemática e da experimentação laboratorial.
Exclusivo
Livros: O brilhantismo de “Maniac”, de Benjamín Labatut, um género à parte
Benjamín Labatut, originalíssimo escritor chileno, volta a transformar figuras da ciência — com as suas obsessões, crises e dilemas — em assombrosas personagens literárias